quinta-feira, 6 de setembro de 2007

E Osama gritou:"O rei está nu!"

Caros Amigos,
As coisas de jornal estão informando que, na Austrália, um comediante vestido de Osama bin Laden conseguiu ultrapassar a rígida segurança que cerca o Forum de Cooperação Econômica Asia-Pácifico, que se realiza em Sydney e chegou até à zona de segurança máxima, a poucos metros do hotel onde está hospedado o presidente George W. Bush. Ali, ele e seus companheiros foram detidos.

O ministro das Relações Exteriores, Alexander Downer, garantiu que a segurança foi eficiente ao afirmar: "Eles provavelmente pretendiam humilhar muita gente conhecida. O que importa é que, em todo caso, eles foram detidos."

O Forum, cuja sigla em inglês é Apec, reúne 21 representantes de países da região ao redor da Ásia-Pacífico, com um único objetivo: discutir sobre dinheiro, ou seja: delimitar ganâncias, estimar lucros para as grandes corporações, fixar normas que garantirão ao capital monopolista internacional mais e maiores lucros.

Resumindo: todos os que ali estão buscam reunir-se em torno de coisas mesquinhas, quando há tantas questões em jogo: o aquecimento do planeta; os milhões e milhões de pobres e miseráveis que vão morrrer de fome ou se arrastar a vida inteira em favelas e sub-habitações, vivendo com um dólar ou menos por dia; o belicismo dos Estados Unidos; o desvario da globalização; a loucura dos homens-bomba e seus opositores; o descompromisso dos países centrais com esse ser coletivo que se chama humanidade. A lista poderia, literalmente, não ter fim.

O que penso dessas pessoas reunidas? Acho-as ridículas, para dizer pouco. Assim, os comediantes, que formaram uma caravana com batedores e tudo mais para chegar até onde Bush estava, fizeram muito bem em levar ao ridículo aqueles cultuadores do dinheiro.

O mundo está regido, hoje em dia, mais do que nunca, por grandes adoradores do deus mercado e todos o seu panteão simbólico: seitas midiáticas exploram avidamente pessoas fagilizadas, políticos ganham as redes de TV e se apresentam como salvadores e bondosos, objetos são mitificados e expostos como essenciais à vida, como celulares e carros cheios de conforto; valores como respeito humano e decência são vistos como quase que um aleijão para aqueles que os defendem; a futilidade é tida como um padrão de comportamento.

Portanto, os comediantes cumpriram o mesmo papel que o personagem da história "O Rei está nu": era um alfaiate que, a título de fazer para um rei uma magnífica, requintadíssima vestimenta, pediu-lhe ouro e pedrarias. Guardou tudo para si e, mostrando ao monarca um vestuário invisível, dizia-lhe como era vaporosa e itangível a veste real. O Rei, louco de deslumbramento, vestiu-a e saiu a desfilar pela cidade. Até que um menino gritou: "O Rei está nu!"

Os participantes do encontro também estão nus, em sua cupidez e ganância. Os artistas apenas apontaram isso.
Emanoel Barreto

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