terça-feira, 4 de setembro de 2007

E Gisele disse: "Oh! My God..."

Caros Amigos,
A modelo Gisele Bündchen deu entrevista sobre o lançamendo de um xampu. Assunto importantíssimo, claro. Os jornalistas somente tinham direito a uma pergunta e nada sobre a vida pessoal, alertava sua deslumbrada assessoria. Colocada num púlpito, a moça demonstrou tédio e chegou a dizer "Oh! My God", quando lhe dirigiram uma pergunta.

Como se sabe, modelos são pessoas altamente preparadas, cultas, interessadas em temas da mais alta relevância e assim os jornais devem lhes dispensar atenção, espaço e tempo de seus repórteres.

A "entrevista", tipicamente um pseudo-acontecimento, serve para demonstrar como a agenda da mídia pode ser manipulada por agências de publicidade e relações-públicas.

Ao que li, o encontro com os jornalistas foi rápido. Entenda uma coisa: qualquer repórter mais ou menos experiente, sabe que a exposição de pessoas de mídia aos jornais deve conter exatamente esse componente: a fugacidade da personalidade midiática, a fim de que os jornalistas fiquem com aquela sensação de que faltou algo - a ser deslindado no próximo contato com a imprensa.

Primeiro, vem uma superexposição, a fim de alguém apareça e se fixe num nicho de interesse por parte dos jornalistas. Segue-se então a fase do "aparece/desaparece", com o exato objetivo de manter a curiosidade a respeito do mito que os jornais mesmos ajudaram a criar.

Falsifica-se uma personalidade, tornam-na célebre para depois depender dela para a obtenção de uma notícia. No caso, uma "notícia". Se os jornais deixassem Gisele e outros tipos como ela de lado, desapareceriam o encanto, a atração, o tropismo jornalístico. Ela passaria a implorar por uma linha impressa, uma imagem, uma declaração. Do jeitinho que era, quando começou.

Ela, como outros midiáticos, nada têm de especial. Isso lhes foi colado pela imprensa, atendendo aos anseios da manipulação do marketing. Ela é apenas uma mulher que veste e expõe sobre o corpo roupas, só isso. O simulacro funciona e a futilidade, a banalidade de jovens frívolas passam a atuar como elementos de importância social. E muitos tolos ficam boquiabertos.
Emanoel Barreto

Nenhum comentário: