domingo, 10 de junho de 2007

Como nos interrogatórios...

Hoje não é o Dia da Poesia. Mas resolvi escrever sobre o assunto. Dia da Poesia não quer dizer que é o dia do verso, aquele conjunto de palavras que, ao fim da leitura de uma quadra, por exemplo, resulta numa rima.

Não, poesia é muito mais. Poesia é sentimento, é interioridade vivida internamente e exposta pela palavra. É panorama humano íntimo que deságua no gesto escrito, o poema.

Creio que seja até mesmo mais que isso: poesia é ato de viver, poesia é ato de coragem. Coragem de ser dissidente, coragem de se expor ante aqueles que pensam que tudo sabem, que tudo podem e por isso tudo pedem.

Poesia é atitude voltada para a reflexão. Portanto, está parada dentro de você, muito embora seja, dentro dela mesma, um redemoinho.

Poesia é feita a passos de ferro.
Poesia é caminho que não vai a lugar algum,
uma vez que o poeta
busca sempre a incerteza jamais o porto.
Sem o porto, ele parte;
em parte fica;
em partes se desfaz;
em partes se constrói;
em parte vira luz.
Depois, tudo escurece.
Só isso.
E, como nos interrogatórios,
nada mais digo,
nem nada mais me seja perguntado.

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