quarta-feira, 20 de junho de 2007

Calheiros escorre pela calha, pois ficou acanalhado

Maquiavel ensinava que ao príncipe mais vale ser temido do que ser amado. Quando começou o imbroglio Renan Calheiros, o presidente do senado certamente achava-se temível o suficiente para fazer dobrar a Comissão de Ética. Errou. As repercussões na imprensa, o alarido nacional em torno do caso, mostrou ao senador que esse não é uma história para boi dormir. Nada disso.

Aos poucos, ante cada explosão de manchete ou noticiário de TV e rádio, incluindo-se também a participação opinativa na internet e toneladas de e-mails aos senadores deplorando a situação, Calheiros começava a se recolher. O peso da opinião pública veio a calhar contra uma realidade que se apresenta acanalhada.

E agora, quando até seus pares recomendam que ele renuncie, como mal menor a uma possível perda de mandato, caso as investigações sejam levadas adiante, o senador resiste e diz aos jornais que a palavra "renúncia" inexiste em seu dicionário.

Ao que se vê, ainda para lembrar Maquiavel, faltam a Renan a fortuna, que é o conjunto de circunstâncias favoráveis, fortuitas, para que o príncipe reine em glória e paz; e a virtù, a capacidade de perceber o momento histórico que vive e administrá-lo de tal forma que os bons ventos do poder o levem a porto seguro.

Calheiros, ao que parece, achincalhou o próprio nome.

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