sexta-feira, 2 de março de 2007

Violência na TV: está na novela, mas tem fundo de verdade

Sobre a televisão, especialmente no que diz respeito às novelas, não se pode mais afirmar em plenitude: "É verdade que é mentira", ou seja: na TV, muitos dados da chamada vida real passam a compor os capítulos, lado a lado com o tradicional melodrama - amores incompreendidos, a mocinha que sofre, o rapaz bom que se vê injustiçado e não pode casar com a sua amada.

O diferencial está em uma palavra: violência. E seus termos agregados - banditismo, desumanidade, criminalidade. As telenovelas puxaram para sua ordem de organização do cotidiano, para a sua agenda de mídia, a violência como elemento essencial.

De alguma forma, esse tipo de produção terminou por adicionar ao seu repertório a violência em suas mais amplas manifestações. É claro que a agenda midiática, tomando-se como base o jornalismo de TV, serviu de inspiração às telenovelas, uma vez que a ênfase jornalística sobre a violência, que tem crescido muito no Brasil, somente tende a repercutir tal noticiário.

As telenovelas, desta forma, passaram, sem que fosse intenção de seus diretores, a reproduzir a realidade das ruas. Terminaram funcionando como elementos de reprodução do cotidiano.

E podem, caso haja determinação nesse sentido, passar a funcionar como elemento crítico dessa mesma realidade. Basta dar um toque mais aprofundado e psicológico aos personagens, que a telenovela acrescentará ao seu perfil mais essa característica, além das já conhecidas abordagens, melosas e choramingas.

É claro que as TVs não farão isso de graça. Será preciso patrocinar essa nova formatação, para que, pagando-se, a novela televisiva venha a despertar alguma forma de abordagem crítica do clima de violência atualmente experienciado pelo País.

Nenhum comentário: