quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Não incomode os tolos, eles estão com preguiça

Começo citando Drummond, no poema "Inocentes do Leblon*".

Os inocentes do Leblon
não viram o navio entrar.
Trouxe bailarinas?
trouxe imigrantes?
trouxe um grama de rádio?
Os inocentes, definitivamente inocentes, tudo ignoram,
mas a areia é quente, e há um óleo suave
que eles passam nas costas, e esquecem.

A inocência, em verdade alienação ou estupidez preguiçosa, como que
espalhou-se do Leblon visto pelo poeta e hoje habita cada tela de TV, cada Ipod, cada orkut, CDs, tênis, roupas, modo de ser.

Há, na juventude, como que uma espécie de ópio lamentável, sonolência social, preguiça que brota de um embrutecimento que virou padrão. Sinalizados por um sistema de mídia que valoriza uma vida vazia, tola, consumista, a juventude assume a banalidade como bandeira de seus ideais fátuos e faz da fatuidade um fato consumado.

Temos uma juventude que dorme, mas não tem sonhos, ideais vontade. Temos ainda hoje inocentes do Leblon, mas uma inocência perversa, inocência devassa de consumismo e bobagens que são compradas por muito dinheiro. Que preguiça.
*Carlos Drummond de Andrade In "Sentimento do Mundo' - Irmãos Pongetti, 1940© Graña Drummond.

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