quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

A maldição de Ícaro

Às vezes penso que Ícaro, depois de haver derretido suas asas na tentativa de voar, agora está se vingando e escolheu o Brasil para fazer valer seus ressentimentos.

Maldição de Ícaro ou o que seja, o problema dos congestionamentos dos aeroportos por falha do sistema nacional de radares que rastreia o setor, dá bem um demonstrativo de como é frágil, insegura, incompetente e imprevidente a administração pública deste país.

Se, ao invés do problema da aviação estivéssemos enfrentando um estado de guerra ou algo talvez até mais terrível, como a gripe aviária, estaríamos literalmente entregues ao caos. Haveria, como nos relatos bíblicos, choro e ranger de dentes. O Brasil já está socialmente sucateado; não suporta - nem merece - mais nenhuma avaria.

Mas as autoridades, de cima a baixo, continuam a se pautar pela cultura da imprudência, porque são imprudentes; pela ação do ócio, porque são desatentas; pela presença da ausência, porque estão pensando em seu futuro.

No mais, é o seguinte: quando o caos se instalar, quando alguma praga social se abater sobre o povo, estejamos certos: haverá choro e ranger de dentes.

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