sexta-feira, 3 de novembro de 2006

A privacidade de Lula

Vi, on line, no Estadão e JB fotos do presidente Lula em repouso familiar, numa praia. Os jornais exibiram as fotos como troféus; como se uma personalidade pública e midiática não tivesse direito à privacidade. É como se do homem público jamais se descolasse a identidade do político e do chefe de governo.

A rigor, qual o interesse dos leitores em ver fotos do presidente, Dona Marísa Letícia e parentes em traje de banho, aproveitando o sol e as águas do Atlântico, como os outros mortais? Se fosse assim, deveriam também ser feitas fotos do casal em sua vida familiar, na intimidade do lar.

Não gosto desse tipo de jornalismo, a não ser em caso particularíssimo, se e caso acontecimentos supervenientes interferissem diretamente junto ao presidente na hora em que estivesse na praia. Exemplo: se ele fosse vítima de algum atentado ou sofresse um acidente.

Fica implícito que defendo a presença de repórteres e fotógrafos cobrindo o lazer presidencial para registrar qualquer eventualidade, recusando-me entretanto a publicar as fotos sem que nada de extraordinário houvesse para ser trazido a público.

Entendo que jornal deve cobrir tudo, mas tudo o que for de interesse público, respeitando-se porém a privacidade e a intimidade quando sobre estas não incidam fatos de importância e de relevo.

Jornalismo que se limita a mostrar as fotos de um presidente de república em atividade de lazer familiar, cai na ribanceira do voyeurismo e desrespeita até mesmo a representatividade da instituição jornalística.

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