quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Perdidos no espaço, ou a demência transformada em lei

O Estadão publica a seguinte matéria. Li, entre perplexo e indignado. Seguem trechos da notícia:

"WASHINGTON - O presidente dos EUA, George W. Bush, assinou uma ordem que reivindica a seu país o direito de negar a adversários acesso ao uso do espaço fora da Terra para finalidades "hostis aos interesses dos Estados Unidos". Bush também afirma que os EUA vão se opor a tratados internacionais que limitem o uso ou acesso dos americanos ao espaço.

"Consistente com essa política, os EUA irão: preservar seus direitos, capacidades e liberdade de ação no espaço; dissuadir ou impedir outros de interferir com esses direitos ou de desenvolver a capacidade de fazê-lo; fazer o que for necessário para proteger suas capacidades espaciais; responder a interferência; e negar, se necessário, a adversários o uso de capacidades espaciais hostis aos interesses nacionais americanos".

Os donos do mundo

A arrogância americana parece não ter limite. A atitude de Bush, reveladora de que tipo de mentalidade literalmente preside o imaginário do povo americano - a principal nação do mundo, a América para os americanos, todos os demais povos são um perigo, todos os demais povos devem ser subservientes aos interesses dos Estados Unidos - demonstra a que ponto chegam a arrogância e o imperialismo nascido naquelas terras.

A primeira figura que me chega, para comparar com Bush, é a de Hitler e seus propósitos de superioridade do povo alemão. Deu no que deu. A determinação posta em vigor por Washington faz-me lembrar a idéia do "espaço vital" hitlerista.

Só que agora, em sua nova formulação, o esoaço vital surge nas feições daqueles tiranos de histórias em quadrinhos e seus sonhos assombrosos de dominação do mundo.

A mais forte metáfora para tanto, quem nos deu foi Chaplin, com o seu "O Grande Ditador". Na cena mais vigorosa do filme, o ditador, brincando com um globo terrestre esvoaçante, traz às suas mãos sinistras a materialização do pesadelo que pensava impor ao mundo. De repente, o globo de plástico se fura e murcha. E ele perde seu doentio e falso domínio sobre a Terra.

À época, Chaplin criticava Hitler e lamentava,temia pelo destino da humanidade. Bush também quer brincar com a Terra. Concorre com loucos como os fundamentalistas islâmicos,o governo da Coréia do Norte, e o governo de Israel.

O ser humano prossegue em sua maravilhosa e terrificante aventura no mundo. Esperemos que algum dia todos possam parar e imaginar, como Lennon, um mundo de paz e cantar: "Você pode dizer que eu sou um sonhador, mas eu não sou o único."

Se isso não acontecer, estaremos, como naquele velho seriado de TV dos anos 1960, perdidos no espaço.

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