quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Vai começar a temporada dos gritos. Todos querem capturar o eleitolo. Se você for um eleitolo, vai ser ser fisgado

"Nunca se mente tanto como antes das eleições,
durante uma guerra e depois de uma caçada"
Otto von Bismarck

Aos poucos, os carros de som vão tomando conta das ruas e logo estarão alardeando as excelências e boas vontades dos candidatos. De todos os candidatos. E, como sempre ocorre em períodos eleitorais, nunca se verão tantos homens bons e mulheres politicamente virtuosas, todos unidos em favor do povo, coitadinho, que tanto precisa de alguma ajuda.

A valer o entendimento de Bismarck, está aberta a temporada das mentiras, uma vez que estamos antes de uma eleição, eleição que vai assumir contornos de guerra e depois virar uma caçada ao voto do eleitor. Melhor seria dizer, do eleitolo.

O eleitolo é o eleitor que se deixa convencer por inteiro das intenções de um candidato ou candidata. Não se pode confiar num político cem por cento. É do meio, é da circunstância política a concessão, o abrir de mão, o jogo-de-cintura frente ao mais terrível adversário, para se conseguir algo, mesmo que esse algo seja efetivamente o bem-comum.

É paradoxal que, para fazer algo certo, para aprovar uma lei que favoreça essa entidade que os cientistas políticos chamam de povo, tenha-se de fazer concessões a grupos que querem tirar do povo o pouco que este já tem. Só se faz algo pelo povo dando-se menos do que o povo precisa.

Mas é assim que o jogo funciona e que a máquina se movimenta. É o toma-lá, dá-cá. E o eleitolo fica ali, só observando, esperando que algo de bom aconteça à sua sofrida e previsível vida. O eleitolo sempre acredita no marketing, no grito, no gesto, no slogan. E no fim, vota. Acredita no amanhã, mas o amanhã, já notou?, é um tempo que nunca chega...

Mas a eleição está chegando, os eleitolos estão pululando por aí e no final das contas os políticos, no seu grande esforço, darão ao eleitolo pão e circo.

Para finalizar, um registro de cinismo: o presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte, deputado Robinson Faria, disse o seguinte: para conciliar as atividades em plenário com as movimentações políticas pelo interior, à cata de votos, será feito pelos deputados "um sacrifício muito grande, mas vamos tentar."


Os eleitolos, deputado, saberão compreender e recompensar o seu terrível tormento e inominável sacrifício. Ó tempos! Ó costumes!

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