terça-feira, 25 de julho de 2006

A grandeza das Gerais


"O que mais preocupa não é nem
o grito dos violentos, dos corruptos,
dos desonestos, dos sem-caráter, dos sem-ética.
O que mais preocupa é o silêncio dos bons"
Martin Luther King
Ao voltar de Minas Gerais, a lembrança deixa de ser apenas aquele pensamento fugidio, anotações emotivas que vão e vêm, como numa revista que se folheia meio ao acaso: as fotos como sensações impressas, o texto como registros que vão parar, afinal, no esquecimento.

Ao voltar das Gerais, o que ficou não é lembrança, é recordação encravada no território do bem querer. A paisagem das montanhas, vastas em sua altitude de beleza imensa; o silêncio largo, a imagem das pessoas, seus gestos, o abraço. As Gerais são um estado de espírito. O mineiro é antes de tudo alguém que sabe acolher.

Na companhia da Minha Mulher, mineira que traz no sentimento o saber do que seja aquele instante longo que é Minas Gerais, percorri caminhos do interior antigo, tradições tão belas que são esculpidas na alma das pessoas.

As Gerais são um grande encanto. Como encantadora também é Vitória, Espírito Santo, onde a fé do povo, se não remove montanhas, sobe uma delas para rezar rezas antigas, num mosteiro pleno desse grande mistério que é chegar aos umbrais do tempo e postar-se diante do sagrado.

Falarei disso tudo ao longo dos próximos dias: pessoas, amigos, familiares, reencontros, os rios, o trem, a sensação do chegar e estar bem. Afinal, a vida é feita de momentos que vão se juntando, até formar o mosaico de nossas existências.

E no mosaico que vou construindo ao longo da minha caminhada, estarão para sempre presentes os momentos que vivi. Uma hora tem minutos, que é o tempo preso dentro do mecanismo dos relógios. Mas os momentos, os instantes, não cabem dentro das horas. E são esses momentos e instantes que, longe da frieza dos minutos e das horas, se revestem da alegria e se enchem disso que chamamos de Vida. Vivi as Gerais. E disso falaremos como recordação.

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