sexta-feira, 19 de maio de 2006

Os barcos mortos

“Abandonai essa vida de

crimes e legislações, ó infiéis!”

Millôr Fernandes

A crônica abaixo é do meu livro Crônicas para Natal, numa homenagem ao rio que embeleza a cidade e aos seus barcos velhos, parados e esquecidos.

Trágicos em seu silêncio de madeira triste,

os barcos mortos do Potengi são relembranças de marés em preamar.

Grandes corpos de madeira que sofre, seus corpos se vão.

E seguem parados, sem vela ou navegador.

Quantas vezes se fizeram ao mar, quantas vezes

se apressaram no confronto com ondas.

E de todas as batalhas corsárias de que

participaram, voltaram sob a bandeira da vitória.

Pescadores, corajosos, enfrentaram tempos,

bateram milhas, superaram noites.

E agora, guerreiros esquecidos, sucumbem ao silêncio do frio.

E ninguém, ninguém, se lembra que lutaram tanto.

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