quarta-feira, 17 de maio de 2006

A cidade inteira e linda

"Não basta conquistar a sabedoria;
é preciso usá-la"
Cícero



Abaixo, transcrição de crônica do meu livro "Crônicas para Natal - as crônicas do Jornal do Dia", publicado em dezembro de 2000.

Natal ergueu-se do tempo como a história real de um sonho. A cidade, hoje com 400 anos, tornou-se encantadora com o passar dos dias e dos muitos verões. Protegida pela Fortaleza dos Reis Magos, a Noiva do Sol, como a chamava Luís da Câmara Cascudo, tornou-se castelã de dias de alegria e veraneio, nadadora mais linda do Atlântico.

E no Atlântico, Natal projeta a praia de Ponta Negra, um sonho no viés da cidade, com o Morro do Careca ao fundo, em suave curva como corpo de mulher. Depois, a Via Costeira, com seu colar de hotéis, enfeita a cidade com jóias da arquitetura. E, nos hotéis, praias que são tapetes de areia branca, santuários reservados de quietude e beleza.

Vaidosa, Natal é cidade feita de avenidas e luzes, alegria e festa. Quem segue pela Avenida Junqueira Ayres, descobre maravilhado a casa de Luís da Câmara Cascudo, o senhor da História, caminheiro do tempo, zelador de lendas e de luas.

E mais adiante, solene, linda, poderosa em sua simplicidade, a Capitania das Artes guarda exposições e beleza, preserva sonhos da imaginação de artistas. Depois, na primeira curva, a imponência do Palácio Potengi e seus salões de nobreza, quando a política tinha o charme da elegância.

E, ali, pertinho, a arquitetura pesada do Palácio Felipe Camarão, a Prefeitura, solene construção com a cara severa da História.A Ribeira é boemia, é noite, cerveja gelada suando tulipas, beleza, juventude e vibração no som de cada instrumento.

Natal é toda feiticeira. E lembra que era ali, bem ali, na Ribeira, que os soldados americanos festejavam seus medos, antes de partir para a África, para lutar contra Rommel, a Raposa do Deserto. Depois, muito sol e muito mar. As dunas se oferecem como montanhas de aventuras, os bares são encantos, namorados.

Redinha é a praia amiga de Natal, logo depois de atravessado o rio Potengi. Mais adiante, Genipabu é um sonho feito de areia, dunas e coqueiros que enfeitam cada olhar. Em Pirangi, o maior cajueiro do mundo é árvore sem fronteiras, a crescer eternamente.

E dos seus galhos que não se acabam mais, brotam lindos frutos, cajus meninos a adoçar cada boca. Natal é cidade bonita, elegante, como mulher que desfila e sabe que todos os olhares estão em suas curvas. E de sua belez nasce uma energia intensa, que acaricia a cada olhar, como se a cada momento de descoberta a cidade renascesse diferente e ainda mais bela.

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