sábado, 7 de janeiro de 2006

Vende-se um país...

Em política não há gratidão
nem reconhecimento."
(Majó Theodorico Bezerra, político da velha guarda)

Vende-se um país, largo, bem montado. Vende-se um país, bom de se morar. Vende-se um país, alto, florestado; vende-se uma terra, boa de plantar. Ah! Vende-se mais. Vende-se tudinho, dá-se até que seja, só que, lá por trás, vem minha gorjeta.Vende-se esta terra, pode olhar seu moço. Já viste maior, rica, mais ornada? Viste rios maiores, grossos, caudalosos, todos bem bonitos, prontos pra pescar?

Vende-se um país. Vende, vinde, veja. É aqui mesmo, entende? Começa na praia, vai até lá longe, onde bem de noite, sempre o sol se esconde. Tem índio, tem bicho, tem folha e tem mato. Também tem cidade, que vale se ver.

Vende-se um país. Já tem quem o queira. Se tu não te apressas, perdes a pechincha. A venda é ligeira, por baixo do pano. Sem rastros, caneta, papel assinado. Me pagas primeiro, depois vamos ver... O povo é ordeiro, ganha uma miséria, só olha TV. Besteira, nem liga o que tu vais fazer. Pagou, tem direito: pagou, vai entrar. Tu entras sozinho. Tu vais me dizer: "Valeu velho amigo, é terra pra valer.

Vende-se um país. Todo, por inteiro. Mas venhas depressa ou se entrega tudo.Compra este país, tá muito barato, tá de preço baixo, abaixo do mercado. Se não compras agora...mau negócio fazes.
É uma pechincha, muito conservado. Vende-se um país. Bato-lhe o martelo. Dou ao cavalheiro que lá no cantinho, faz gesto discreto e dobrou o preço.

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