quinta-feira, 16 de março de 2023

Medo nas ruas: bandidos levam a sério o terror e não estão para brincadeira

Por Emanoel Barreto

As atitudes bárbaras e atrevidas dos criminosos que estão aterrorizando o estado nos passam uma mensagem; com esses atos eles dizem que têm potencial e capacidade para agir a qualquer tempo e hora, em qualquer lugar ou instante – e que suas ações serão sempre imprevisíveis e certeiras. Sintetizando, eles enfatizam que sua assertividade inclemente e hostil não terá limites na busca de intimidar e espalhar terror e chamas.

A partir dos presídios, dizem os noticiários, seus líderes costumeiramente conseguem enviar mensagens de convocação e orientação, como uma espécie de comando tático. Na verdade, o que os bandidos estão dizendo é o seguinte: eles são criminosos, não moleques, ou seja: eles se levam a sério, fazem bem-feito o seu serviço.

Esse o ponto de vista dos agressores: eles se gabam de sua expertise enquanto a autoridade age como se fosse moleque, pois não teria trabalhado direito. E tal situação se dá pelo fato de que, historicamente, a Segurança não consegue impedir que mensagens cheguem ou saiam das celas. Isso facilita às tenebrosas organizações criminais possibilidades de atitudes tão ostensivas.

Os bandidos reivindicam para si um inimaginável, espantoso senso de compromisso profissional; mais que isso: exigem deferência pelo medo que infundem. É como se dissessem que o crime é uma entidade séria, que respeita sua própria hierarquia e disciplina. E, enquanto as autoridades são dribladas, crescem a desordem e o medo.

Aparentemente, o aparelho policial do Rio Grande do Norte falhou em seu setor de inteligência, pois revelou-se incapaz de antecipar a ação coordenada e aterradora que se espalha. Ou seja: o crime organizado cumpriu o seu propósito, a polícia não.   

Incrível: bandidos exigindo deferências à sua expertise criminal, sua ética enviesada, seus valores de confronto. A polícia, isso está claro, vem respondendo e está nas ruas. Mas valeria a pena ter frustrado esses atentados. Isso, se os serviços de inteligência tivessem ficado mais atentos.

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