A ética dos monstros
Por Emanoel Barreto
A ética dos monstros da pandemia tem por base
o livre arbítrio e se manifesta em sorrisos que explodem em gargalhadas noite adentro em festas monumentais. A alegria dos monstros lhes justifica qualquer coisa bastando invocar, insisto, o livre arbítrio.Ele escolhe ir ao rega-bofe e quem quiser que morra. Literalmente.
O monstro da pandemia é alguém que caminha pelas ruas calmamente, não tem os aleijões cinematográficas típicos, pode até ser afável, elegante e sabe todas as novidades do que seja fútil e lhe traga alguma forma de felicidade empacotada.
De dia a besta fera usa seus disfarces sociais de elegância e até finesse e ninguém a percebe como perigosa - até porque essências são invisíveis. Mas o monstro, a aberração, pode ser visto à noite. Sua brutalidade se manifesta quando vai a uma grande festa. Notou que estão muito em moda festas monumentais, acontecimentos extravagantes, gente correndo para aglomerações insanas e insólitas?
É nessas festas que os monstros são vistos em toda a sua crueza de alegria disparatada. A farra sempre é garantida como "segura e dentro das normas sanitárias", e aí vêm "informações" que todos sabemos hipócritas e mentirosas: haverá distanciamento social, álcool em gel para todos, medição de temperatura, blá-blá-blá. Tudo mentira.
É aí que entram as autoridades, ou melhor: é aí onde se omitem as autoridades – ninguém faz nada para impedir tais acontecimentos, como se vivêssemos o melhor dos tempos.
As autoridades omissas são parte cúmplice da ética dos monstros. Foi assim no Amazonas. Pode vir a ser aqui também. Depois não se poderá reclamar. Mas pode ser de tirar o fôlego.
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