quinta-feira, 6 de maio de 2021

Discurso vazio, palavras ocas, imagem troncha

Por Emanoel Barreto

Ocupando pequenos espaços no Instagram Ciro Gomes vem prestando um grande serviço ao bolsonarismo quando ataca Lula o único potencial candidato à presidência da república que tem força suficiente para impedir que o desastre Bolsonaro continue a devastar o País.

Utilizando discurso previamente cifrado pelo marqueteiro João Santana, Ciro tenta expor Lula como uma espécie de fraude histórica, não um presidente que marcou profundamente a história nacional com realizações e mudanças conjunturais inegáveis na melhoria da qualidade de vida do ser coletivo a quem chamamos povo.

Num momento como esse, quando Bolsonaro berra contra quem ou o quê ele ache que prejudicará a sua pretendida reeleição – aliás único objetivo do seu, digamos, governo – Ciro perde uma grande oportunidade de alavancar sua possível candidatura.

Melhor seria se criticasse a tragédia nacional denunciando Bolsonaro e suas terrível presença no crescimento do horror que toma conta da vida brasileira.

Em vez disso volta-se contra um presumido concorrente e dá discurso aos que seguem a pessoa ensandecida que hoje ocupa a presidência. Com seus pronunciamentos no Instagram Ciro valoriza o grito de ódio que caracteriza os enunciados dos seguidores de Bolsonaro, pois ao ódio agrega um pronunciamento aparentemente racional, logico e contundente.

Somente quem não conhece a História acredita naquilo que Ciro diz. Falseando os fatos seu discurso é fruto de um cuidadoso trabalho de marketing, elaborado de maneira a parecer verdadeiro e funcionando ele como o locutor credível, a figura racional, analítica e apta a assumir a presidência.

Vi uma de suas aparições no Instagram atacando Lula. Somente esquece que o inimigo não é Lula. Na verdade, Lula é o inimigo que a comunicação de Ciro busca construir, como certos religiosos constroem o diabo ou os gays como seus adversários mortais e terríveis, esquecendo de pregar a palavra do divino. Ciro quer crescer às custas do petista.

O adversário é Bolsonaro. Mas a Ciro é mais precioso validar-se como sucessor social de Lula – e aí está o seu erro. Uma personalidade histórica não é passível de substituição. Jamais haverá um outro Getúlio Vargas, nunca mais outro Juscelino Kubitscheck. E Ciro não será jamais um Lula.

A formulação da campanha começa errada e errática: candidato fake é apenas um espelho côncavo ou convexo; é apenas uma tentativa de imagem. E ela já nasce distorcida. Não ganha eleitores de Lula. E ainda cai no conto do bolsonarismo.

Nenhum comentário: