Temer, a queda de um desgraçado
O cambalear do chamado presidente
Temer, cuja debacle total poderá se dar nos próximos dias, deve ser entendido
não apenas como o desmanche de uma farsa que profanou os destinos do país.
Deve-se ter também a compreensão de
que, mais que a queda de um desgraçado, está em pauta todo um modelo de
perversão e crimes que as elites vinham perpetrando dia após dia, ano após ano
nesse país.
Cai a máscara de todo um sistema oligarca,
expõe-se a nu a essência da plutocracia brasileira, toda ela constituída às
custas da espoliação da sociedade via bancos oficiais, jogadas imorais, espertezas
e conjuras – enfim, corrupção desbragada.
A iminente queda de Temer, que já
começa a ser abandonado pelo PSDB – que oportunisticamente busca dizer-se
isento e puro – deve servir-nos como motivo de reflexão: não há mais como
manter a política como atividade profissional, o que implica ser o Estado parte
do sistema, espécie de patrimônio espúrio dos plutocratas.
Temer diz que fará um
pronunciamento às quatro da tarde – este artigo é redigido às três horas – e,
sou levado a supor, deverá buscar apresentar-se como cordeiro imolado, vítima
em busca de um judas.
As elites deram o golpe e o
puseram na presidência como títere de suas pretensões. Ele vinha cumprindo o
papel à exatidão: espoliando direitos, sufocando o trabalhador, buscando a todo
custo distribuir benesses e prêmios aos que o ajudaram.
Mas a Polícia Federal flagrou Aécio
Neves a partir da delação dos Batista e começou o fúnebre espetáculo que
assombra o país e a figura esfrangalhada do inquilino do Planalto.
Aliados fogem, Temer é indiciado,
Fernando Henrique Cardoso aconselha o chamado presidente a renunciar, pedidos
de impeachment pipocam vindos até do PSDB, Aécio escapou por pouco da prisão...
A questão é que a aposta foi
muito alta frente aos riscos. O jogo, de alto cacife, foi proposto por homens
sem capital moral suficiente para assumir os comandos nacionais.
E esquecidos de que estava em
andamento uma certa operação Lava-Jato, que a princípio parecia voltada
unicamente para pegar opositores do sistema então vitorioso com o golpe, continuaram
com suas práticas eticamente lamentáveis.
Então, com como num desses
seriados de TV paga, os agentes terminaram por deflagrar uma ação investigativa
calculada e flagraram os que estavam em culpa, mas se diziam eticamente sãos.
Chegamos a um impasse. Não há momento
para cavilação. Caiu a máscara de quem patrocinou esse baile enlouquecido. O rei
está nu e todos sabem disso. Mas, como é muito obsceno, tire as crianças da
sala.
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