quinta-feira, 18 de maio de 2017



Temer, a queda de um desgraçado

O cambalear do chamado presidente Temer, cuja debacle total poderá se dar nos próximos dias, deve ser entendido não apenas como o desmanche de uma farsa que profanou os destinos do país.

Deve-se ter também a compreensão de que, mais que a queda de um desgraçado, está em pauta todo um modelo de perversão e crimes que as elites vinham perpetrando dia após dia, ano após ano nesse país. 

Cai a máscara de todo um sistema oligarca, expõe-se a nu a essência da plutocracia brasileira, toda ela constituída às custas da espoliação da sociedade via bancos oficiais, jogadas imorais, espertezas e conjuras – enfim, corrupção desbragada. 

A iminente queda de Temer, que já começa a ser abandonado pelo PSDB – que oportunisticamente busca dizer-se isento e puro – deve servir-nos como motivo de reflexão: não há mais como manter a política como atividade profissional, o que implica ser o Estado parte do sistema, espécie de patrimônio espúrio dos plutocratas.

Temer diz que fará um pronunciamento às quatro da tarde – este artigo é redigido às três horas – e, sou levado a supor, deverá buscar apresentar-se como cordeiro imolado, vítima em busca de um judas.

As elites deram o golpe e o puseram na presidência como títere de suas pretensões. Ele vinha cumprindo o papel à exatidão: espoliando direitos, sufocando o trabalhador, buscando a todo custo distribuir benesses e prêmios aos que o ajudaram.

Mas a Polícia Federal flagrou Aécio Neves a partir da delação dos Batista e começou o fúnebre espetáculo que assombra o país e a figura esfrangalhada do inquilino do Planalto.

Aliados fogem, Temer é indiciado, Fernando Henrique Cardoso aconselha o chamado presidente a renunciar, pedidos de impeachment pipocam vindos até do PSDB, Aécio escapou por pouco da prisão...
A questão é que a aposta foi muito alta frente aos riscos. O jogo, de alto cacife, foi proposto por homens sem capital moral suficiente para assumir os comandos nacionais. 

E esquecidos de que estava em andamento uma certa operação Lava-Jato, que a princípio parecia voltada unicamente para pegar opositores do sistema então vitorioso com o golpe, continuaram com suas práticas eticamente lamentáveis.

Então, com como num desses seriados de TV paga, os agentes terminaram por deflagrar uma ação investigativa calculada e flagraram os que estavam em culpa, mas se diziam eticamente sãos. 

Chegamos a um impasse. Não há momento para cavilação. Caiu a máscara de quem patrocinou esse baile enlouquecido. O rei está nu e todos sabem disso. Mas, como é muito obsceno, tire as crianças da sala.


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