Em tom coloquial espúrio o
chamado presidente Temer recebe um criminoso. Encontro secreto, cerimonial
proscrito, o conciliábulo serviu para que o indivíduo, o milionário Joesley Batista
relatasse ao inquilino do Planalto uma pegajosa lista de crimes como estivesse
narrando atos épicos, memoráveis feitos.
Caviloso, Temer ouve tudo,
concordando e incentivando a continuidade das práticas criminosas. Houve ali,
sob a proteção das paredes presidenciais, um encontro às esconsas, dois homens
movendo-se entre as sombras do poder para, de alguma forma, conspirar.
Buscavam manter em sigilo e êxito
práticas criminosas que você já soube à exaustão pela TV. Delas não vou me ater
aqui, pois até mesmo – e estranhamente – a Globo já divulgou bastante.
Ao que parece os Marinho viram que
Temer já cumpriu seu papel e querem livrar-se da presença que começa a
empestear a sala.
Voltando à conversa palaciana: o
encontro não foi, como Temer está tentando fazer crer, uma conversa qualquer,
nem as gravações foram clandestinas: o criminoso, em busca de escapar às penas
da lei, cumpria o seboso papel de alcaguete e ajudava a enredar a si e a seus crimes
aquele que o beneficiava pelo simples ato de com os crimes concordar.
O inquilino de Brasília ouviu de
tudo: pagamento de propinas, corrupção de juízes e procuradores, combinações
espúrias, atos de perversão da coisa pública.
Nada fez a não ser anuir,
abraçar-se a causa tão nefasta. Em suma, o inquilino cometeu ato criminoso que
atende pela tipificação penal de prevaricação.
A respeito diz o Código Penal, Artigo
319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou
praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal.
Ao deixar de praticar ato de ofício –
comunicar às autoridades policiais o que lhe havia sido dito – Temer, que
juridicamente é um funcionário público, inseriu-se na tipificação de
prevaricador.
A audição da conversa revela seu
interesse em que tudo ficasse mantido sob o manto encardido do silêncio das
sombras políticas. Ele e o criminoso estavam em abraço, conluio tático.
Sua situação é insustentável. Sei
que no Brasil tudo é possível e ele não caia. Mas suponho, desejo, espero, que haja alguma
dignidade nos âmbitos decisórios e Temer seja cercado e posto para fora do
cargo.
Afinal, em aparente ato falho ele
disse ontem em seu patético discurso: “Sei o que fiz.”
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