sexta-feira, 19 de maio de 2017



E Temer comete ato falho: “Sei o que fiz”


Em tom coloquial espúrio o chamado presidente Temer recebe um criminoso. Encontro secreto, cerimonial proscrito, o conciliábulo serviu para que o indivíduo, o milionário Joesley Batista relatasse ao inquilino do Planalto uma pegajosa lista de crimes como estivesse narrando atos épicos, memoráveis   feitos.

Caviloso, Temer ouve tudo, concordando e incentivando a continuidade das práticas criminosas. Houve ali, sob a proteção das paredes presidenciais, um encontro às esconsas, dois homens movendo-se entre as sombras do poder para, de alguma forma, conspirar. 

Buscavam manter em sigilo e êxito práticas criminosas que você já soube à exaustão pela TV. Delas não vou me ater aqui, pois até mesmo – e estranhamente – a Globo já divulgou bastante. 

Ao que parece os Marinho viram que Temer já cumpriu seu papel e querem livrar-se da presença que começa a empestear a sala. 

Voltando à conversa palaciana: o encontro não foi, como Temer está tentando fazer crer, uma conversa qualquer, nem as gravações foram clandestinas: o criminoso, em busca de escapar às penas da lei, cumpria o seboso papel de alcaguete e ajudava a enredar a si e a seus crimes aquele que o beneficiava pelo simples ato de com os crimes concordar. 

O inquilino de Brasília ouviu de tudo: pagamento de propinas, corrupção de juízes e procuradores, combinações espúrias, atos de perversão da coisa pública.

Nada fez a não ser anuir, abraçar-se a causa tão nefasta. Em suma, o inquilino cometeu ato criminoso que atende pela tipificação penal de prevaricação. 

A respeito diz o Código Penal, Artigo 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.

 Ao deixar de praticar ato de ofício – comunicar às autoridades policiais o que lhe havia sido dito – Temer, que juridicamente é um funcionário público, inseriu-se na tipificação de prevaricador. 

A audição da conversa revela seu interesse em que tudo ficasse mantido sob o manto encardido do silêncio das sombras políticas. Ele e o criminoso estavam em abraço, conluio tático. 

Sua situação é insustentável. Sei que no Brasil tudo é possível e ele não caia. Mas suponho, desejo, espero, que haja alguma dignidade nos âmbitos decisórios e Temer seja cercado e posto para fora do cargo.

Afinal, em aparente ato falho ele disse ontem em seu patético discurso: “Sei o que fiz.”

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