O porão escuro
da História e a difícil cassação de Temer
“O Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu ao Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) a cassação do presidente Michel Temer (PMDB) e a
inelegibilidade da presidente cassada Dilma Rousseff (PT), segundo fontes que
acompanham as investigações.
“A manifestação da Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE), mantida
sob sigilo, foi encaminhada na noite desta terça-feira (28) ao TSE.
“O julgamento da ação que apura se a chapa Dilma-Temer cometeu
abuso de poder político e econômico para se reeleger em 2014 foi marcado para
começar na manhã da próxima terça-feira (4).
“O TSE dedicará quatro sessões da semana que vem --duas
extraordinárias e duas ordinárias-- para se debruçar sobre o caso, que poderá
levar à cassação de Temer e à convocação de eleições indiretas.”
A informação é dos repórteres Rafael Moraes Moura e Beatriz
Bulla para o Estadão, vistas por mim no UOL.
O TSE encontra-se diante de si mesmo e da História, caso
queira fazer justiça ou seja: cassar o chamado presidente Temer. Todavia, as
informações que correm indicam que o julgamento terá nuanças políticas que deverão
enodoar o processo.
Tudo começa lá atrás, com a propositura da cassação da chama,
feita pelo PSDB.
A ideia era tomar o
mandato de Dilma, levar Temer na enxurrada e empossar Aécio Neves como
presidente em alguma manobra de eleição indireta. Isso quando o processo foi
proposto, logo após a eleição de Dilma.
Depois do golpe contra a presidente o PSDB tornou-se amicíssimo
o PMDB e a situação mudou: Temer tornou-se uma virtuosa criatura, algo como
aqueles homens santos da Índia – que vivem da própria bondade – e passou a ser
figura honradíssima pelos tucanos.
Agora, quando as coisas indicam que houve ações ilegais da
chama, a situação torna-se difícil para o sistema circunstancialmente aliado.
Mas, no Brasil nada está perdido para um poderoso, salvo caso
de morte. Há recursos e medidas protelatórias que podem levar essa arenga até
as portas da eleição de 2018.
É isso o que pretendem os temeristas. Não por lealdade ou
respeito ao dito presidente da República. Mas por oportunismo e atitude tática.
Eles querem chegar ao Poder para, definitivamente, colocar o
povo como carga no navio da História. E, todos sabem, nos navios as cargas vão no
porão. E, mesmo quando não ali não são deixadas, estão presas em contêineres.
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