sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017


Sérgio Lima/Poder360 - 3.fev.2017

44 dos 81 senadores têm processo nas costas;
e vão eleger o próprio juiz

O portal Congresso em Foco diz:
“Sem qualquer constrangimento, senadores sob suspeita escolherão na próxima semana o novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Na prática, parlamentares com problemas na Justiça ou ameaçados pela Operação Lava Jato terão o privilégio de definir o próprio juiz.
“Mais da metade do Senado que votará em plenário a indicação de Alexandre de Moraes está na mira da mais alta corte do país. Pelo menos 44 dos 81 integrantes da Casa respondem a acusações criminais no próprio Supremo ou enfrentam a desconfortável situação de figurar nas delações ou planilhas da Odebrecht – e, por isso, estão a um passo de terem de se explicar à Justiça.
“Levantamento do Congresso em Foco revela que pelo menos 34 senadores são alvos de inquérito (investigações preliminares) ou ação penal (processos que podem resultar em condenação) por diversos crimes, como corrupção, lavagem de dinheiro, contra a Lei de Licitações e o meio ambiente. Oito já são réus.
“Um deles já poderia estar na cadeia. Condenado pelo próprio Supremo a quase cinco anos de prisão, em agosto de 2013, por fraude contra a Lei de Licitações, Ivo Cassol (PP-RO) continua em liberdade e no exercício do mandato, participando de algumas das principais decisões do país.
“Desde dezembro de 2014 o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pede o início do cumprimento da pena. O senador está pendurado em um recurso cujo julgamento poderá ser definido pelo próprio Alexandre de Moraes.”
Quando um senado tem mais da metade dos seus membros envoltos nos tecidos sórdidos do crime e, mais que isso, vai escolher um dos juízes que os julgará pode-se dizer que literalmente há algo de podre em nossa pobre dinamarca.  
A sociedade e especialmente a suprema corte assistem, como que contaminadas por algum veneno paralisante, o desenrolar da tragédia, sem que haja uma só voz que se levante.
A farsa segue adiante, os atores estão a postos e todos querem refocilar com a impostura. O futuro ministro Alexandre de Moraes e seus iguais parecem não ter ideia do quanto é grave a situação no país.
O crescimento da violência enquanto manifestação de banditismo não se exaure enquanto fenômeno em si. Não é a simples desordem do bêbado da esquina que antigamente intimidava as cidadezinhas ordeiras e pacíficas.
Não, a situação hoje é complexa. É fruto de uma conjuntura e de uma estrutura históricas e de longa data gerando os grupos de marginais que, de arma em punho, começam a criar uma forma de classe e seu típico sentimento de pertença e união. Forma-se uma subcultura e grupos disputam entre si como se fossem povos lutando por um mesmo território.
A corrupção é quase institucional, como o mostram o senado, a câmara dos deputados, as assembleias legislativas e vereadores. Além, é claro, do executivo.
A Justiça segue o mesmo rumo. Tanto que acatará, ao que tudo indica, o ingresso de Moraes em seu recinto. Vivemos um perigoso momento da nacionalidade.
Não temos rumo, não construímos uma utopia, mas erguemos estranhas catedrais, como diz Chico Buarque em sua “Vai passar”. E se temos tais e estranhas catedrais, com tais e lamentáveis sacerdotes, adoramos a um deus ateu e desalmado: o deus dos que desejam tudo para si como se repetissem o ditame: “Farinha pouca, meu pirão primeiro.”
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Direito meu
Leio que O Estado brasileiro será obrigado a ressarcir a cada criminoso que esteja recolhido a prisão cujas condições sejam tidas como indignas e humilhantes. É compreensível, em função do processo civilizatório.
Mas, fica-me uma pergunta: e o que dizer dos doentes que morrem em hospitais públicos por falta de qualidade no atendimento, ficam jogados em macas pelos corredores e, pior, morrem por falta de atendimento?
Trata-se, estou certo, de, tão-somente, uma jogada para enganar alguém que seja muito tolo ou esteja sendo vítima de algum tipo de alucinação e acredita na seriedade desse governo.

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