sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Foi baderna, mas fica tudo em casa



São desordeiros, mas nossos são amigos, né?

Leio na Tribuna do Norte.
“A madrugada desta quinta-feira (26) foi de tensão no bairro Ponta Negra, próximo à casa de shows Rastapé. Dois homens, em uma caminhonete, bateram em três veículos, discutiram com populares, sacaram armas e tentaram fugir, mas acabaram detidos por fuzileiros navais que fazem o patrulhamento ostensivo nas ruas de Natal. Os suspeitos dos delitos são o diretor e o vice-diretor da Penitenciária Estadual de Parnamirim (PEP), na grande Natal, respectivamente, Adailton Pessoa de Oliveira, e Jairo Feliciano da Silva.
“A Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania (Sejuc) informou que aguardará o resultado das investigações para tomar as medidas cabíveis, mas que, enquanto isso, os diretores permanecem em seus respectivos cargos.”
Foi lamentável. Não apenas pela desordem em si, quando estava envolvida viatura oficial; não somente pelo comportamento incompatível com a condição de autoridades – e autoridades com poder de polícia – mas especialmente pelo fato de que, apesar de tudo, a direção da Sejuc de alguma forma dá cobertura aos dois desordeiros.
Flagrados em atitude arruaceira, os dois, até mesmo por uma questão de bom senso, deveriam ter sido afastados dos cargos.
Revelaria isenção e equilíbrio por parte da Secretaria. Como parece-me que os atos de desordem são inequívocos, deveriam, após concluídas as investigações, ser demitidos a bem do serviço público.
Pode-se notar que houve acontecimentos negativos convergentes: uso indevido de viatura oficial, embriaguez ao volante, grave ameaça com o uso de armas de grosso calibre, fuga de local onde houvera a prática de delito, insubordinação às autoridades quando o motorista recusou-se ao teste do etilômetro.
Para completar, temos o que sugere atitude de condescendência da Secretaria com os envolvidos na desordem.
Como pano de fundo de tudo isso a velha e incrustada cultura nacional de proteção aos amigos, mesmo que sejam tipos que se utilizam do cargo para obter vantagens indevidas.
Lamentável. E, pelo visto, terminadas as apurações, ambos serão liberados e continuarão a dirigir a penitenciária. Certos de que, mesmo cometendo, digamos assim, deslizes, serão agraciados, acolhidos em compreensivo e afetuoso abraço.
Literalmente terão “a little help from my friends”, uma pequena ajuda dos amigos, em bom português. Só vejo uma falha na matéria da Tribuna: não diz o nome da autoridade que protegeu os dois trelosos diretores da penitenciária de Parnamirim.

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