sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

OK, pessoal! Não precisa de salário

Bastam uma colher de pau e uma cumbuca de angu



Chegou a reforma trabalhista. A alegação para que aquela se aplique é que a Consolidação das Leis do Trabalho-CLT é algo superado, atrasado, perdido no tempo; algo getulista e, portanto, coisa social empoeirada, trambolho histórico a ser superado.

Nonada. Tudo isso é apenas ação discursiva, ato da fala ideológica para esconder o verdadeiro propósito: o que se quer é esmigalhar o trabalhador enquanto categoria, retirar suas conquistas históricas e, em última instância, fazer parecer ao próprio trabalhador que isso foi feito para o seu bem.
É típico da ideologia conjugar como se fosse gesto bondoso, fato racional, urgente e necessário qualquer transformação que prejudique aqueles que constroem a riqueza da nação.
A mesma coisa se dá com as privatizações e assemelhados: o governo diz que a iniciativa privada fará o trabalho melhor que ele, o próprio governo. Sendo assim, vamos entregar tudo aos empresários, o que inclui o capital estrangeiro. Na sequência, tudo estará perfeito. 
A respeito tenho sugestões: Primeira: por que o próprio governo não se privatiza? Sim. Se o governo julga-se desnecessário venda-se ou alugue-se tal instituição a um grupo empresarial poderoso; este passa as gerir a nação dentro de princípios capitalísticos e em algumas décadas chegaremos em a alguma forma de Nirvana, Paraíso, Éden ou, quem sabe, à Lagoa Azul. 
De quebra nos livramos dos políticos e seus cornacas. Já é um avanço, não é mesmo?
Pois bem, chega agora a minha segunda sugestão: por que, para escapar da hipocrisia, não acabamos de vez com todos os direitos trabalhistas e não se extinguem  férias e décimo terceiro?
Para coroar, acredito que haveria um mínimo de decência no retirar-se a máscara e proclamar: 
“Artigo único da nova legislação trabalhista: fica extinto o salário. Em seu lugar serão dadas de pagamento a cada trabalhador uma colher de pau e uma cumbuca de angu.”
Perfect!

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