Os porcos devolvem as pérolas
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A esdrúxula figura do delator
premiado é a contrafação da honestidade, o arremedo sórdido da honradez; imitação
em si fraudulenta do que seria digno e honroso. Temos no Brasil exemplos múltiplos
desses tipos. Bandidos de casaca, presos, atiram-se a acusar seus comparsas até
há pouco aliados na urdidura do tecido sujo da corrupção.
O substantivo prêmio sugere
retribuição a quem, por elevado desempenho, fez jus a tal gesto que valoriza o
trabalho bem feito ou ação de grande valor.
Logo, a ação do delator jamais
poderia ser tida como digna de premiação, galardão, honra ao mérito.
Tal fato, delatar para livrar-se
de última hora de punição iminente, revela outro aspecto do caso: nossa
tradição de dar um jeitinho, sair de lado, escapar do imprensado.
Bandido é bandido. E delatar não
o faz melhor que seus semelhantes, aqueles a quem agora acusa. O delator é tão
somente o traidor, o covarde que se aproveita dessa brecha na lei e, de alguma
forma, aplica um golpe para se safar.
Ao invés disso, dessa forma de
amabilidade jurídica, deveria sim ter a polícia o dever de investigar a fundo, obrigar
o ladrão de espinhaço gordo a confessar tudo após a reunião, pelos agentes da
lei, de provas materiais que o levassem a cumprir longa e pesada sentença.
Ao contrário, temos criminosos
negociando informações com a justiça como se tivessem sincera e bem-intencionada
disposição,
respeito à honestidade, vontade de bem agir. Lamentável. É o velho jeitinho
brasileiro. Os porcos devolvendo as pérolas.
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