domingo, 21 de fevereiro de 2016

Delator premiado, o honorável salafrário

Os porcos devolvem as pérolas 

https://padrepauloricardo.org/blog/as-perolas-jogadas-aos-porcos
A esdrúxula figura do delator premiado é a contrafação da honestidade, o arremedo sórdido da honradez; imitação em si fraudulenta do que seria digno e honroso. Temos no Brasil exemplos múltiplos desses tipos. Bandidos de casaca, presos, atiram-se a acusar seus comparsas até há pouco aliados na urdidura do tecido sujo da corrupção. 

O substantivo prêmio sugere retribuição a quem, por elevado desempenho, fez jus a tal gesto que valoriza o trabalho bem feito ou ação de grande valor. 
 Logo, a ação do delator jamais poderia ser tida como digna de premiação, galardão, honra ao mérito. 

Tal fato, delatar para livrar-se de última hora de punição iminente, revela outro aspecto do caso: nossa tradição de dar um jeitinho, sair de lado, escapar do imprensado. 

Bandido é bandido. E delatar não o faz melhor que seus semelhantes, aqueles a quem agora acusa. O delator é tão somente o traidor, o covarde que se aproveita dessa brecha na lei e, de alguma forma, aplica um golpe para se safar. 

Ao invés disso, dessa forma de amabilidade jurídica, deveria sim ter a polícia o dever de investigar a fundo, obrigar o ladrão de espinhaço gordo a confessar tudo após a reunião, pelos agentes da lei, de provas materiais que o levassem a cumprir longa e pesada sentença. 

Ao contrário, temos criminosos negociando informações com a justiça como se tivessem sincera e bem-intencionada disposição, respeito à honestidade, vontade de bem agir. Lamentável. É o velho jeitinho brasileiro. Os porcos devolvendo as pérolas.


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