sábado, 5 de dezembro de 2015

Ainda sobre as incoerências do PT; uma entrevista com José Alencar




E aí eu perguntei ao vice de Lula: “Isso é uma sociedade de capital e trabalho?”



No texto anterior falei a respeito da figura do empresário José Alencar, candidato a vice na chapa encabeçada por Lula. Afirmei que tal chapa era um paradoxo, algo inexplicável por reunir sob o mesmo pálio um trabalhador e um patrão. Entendi que tal fato foi a pista histórica que exibia, já em 2002, quando a chapa foi lançada, as inconsistências e fragilidades da prática do PT, que contribuíram para a situação hoje vivida pelo partido.
Alencar: mineiridade e carisma no Xeque-Mate (Foto: arquivo pessoal)

 E tive oportunidade de falar desse paradoxo ao próprio Alencar, quando ele compareceu à TV Universitária para participar do programa Xeque-Mate*, que eu havia criado e então dirigia com a participação de estudantes de jornalismo da UFRN. A entrevista com Alencar deu-se em 2002, não lembro o mês.

Alencar e Lula estavam em campanha; o candidato a vice comparecera a Natal atendendo a chamado de entidade empresarial para proferir palestra.
Entendi que era uma ótima oportunidade para que os alunos participantes do programa tivessem a oportunidade de entrevistar figura de expressão nacional. Mandei que a produção fizesse a ele o convite, explicando que se tratava de programa laboratório de estudantes de jornalismo. Aceitou prontamente. Não estabeleceu limites ou fixou temas tabu. Falaria a respeito do que fosse perguntado. 

Afável, conseguiu retirar dos alunos o natural nervosismo dos iniciantes. Falou com eles como se fosse um grande avô: sorria e abraçava. Estava ali uma das chaves, sem dúvida, para a aliança: a facilidade de o candidato a vice se comunicar.

Passado o momento das apresentações fomos ao estúdio, entrou a logomarca animada e começou a entrevista. 

Eu abri o programa e perguntei qual seu papel na candidatura de um ex-operário à presidência da república: seria ele o fiador de Lula junto aos segmentos conservadores?

A mineiridade de Alencar funcionou às mil maravilhas: garantiu que não; que Lula tinha capital político suficiente para levar adiante a empreitada e que ele, Alencar, era o vice; só isso. 

Justificou a aliança a partir do fato de que seria preciso quebrar arestas e fixar entre trabalhadores e patrões um processo de diálogo. O clima da entrevista era o melhor possível: não era meu intuito estabelecer o que tecnicamente chamamos de entrevista de confronto, mas conhecer, nos limites de uma entrevista, um candidato a vice-presidente e suas visões de mundo. 

Os alunos entraram na conversa, fizeram perguntas, estabeleceram excelente contato. Retomando a palavra perguntei: “Essa chapa não seria uma espécie de sociedade de capital e trabalho?”. Ele manteve o bom humor e garantiu que não. Havia apenas um processo de convergência e blá, blá, blá. 

A entrevista foi pontuada por momentos de grande descontração. Falou-se em mineirismo e mineiridade, ele contou causos e esbanjou cordialidade. 

Num determinado momento disse que se o Brasil se tornasse um pais socialista e ele perdesse tudo –há sempre essa coisa de as pessoas perderem tudo com o socialismo – e ele, por exemplo, fosse obrigado a ser gari, buscaria ser o melhor gari, deixando a rua sob sua responsabilidade a mais limpa possível. 

Com isso, disse, queria enfatizar sua capacidade de não desistir nunca, como o fizera desde o início de sua vida empresarial. A entrevista passou-se num clima de perguntas objetivas e respostas esquivas; esquivas mas sempre bem formuladas e elegantes. Eu sabia que eram respostas políticas, respostas táticas, mas não havia como negar o declaratório competente e carismático. 

Ao final restou-me a lembrança de um momento muito especial, mesmo que cifrado pelo sutil discurso de um candidato que conseguia escapar a todas as indagações e ainda colaborar para transformar o programa em agradável e instigante atração para o telespectador.

PS: Mas que era uma sociedade de capital e trabalho, era. 

*O Xeque-Mate que criei foi a versão televisiva de evento com a mesma denominação realizado nos anos 1970 na Fundação José Augusto onde funcionava o curso de Jornalismo depois agregado à UFRN.

ZOORÓSCOPO
Pavão: são os vaidosos. Gabam-se do que sabem fazer e ostentam tudo o que podem. Mesmo que seja sua própria estupidez. O destino dos que nascem sob este zoosigno é ganhar fama. Se com a fama vier dinheiro, ótimo; o perigo é quando o pavoniano, iludido e atacado por alguém nascido em cobra descobre tarde demais que pavão voa, mas não muito...

Morte de Marília Pera
Vejo na net notícias sobre a morte de Marília Pera, aos 72 anos. Era múltipla: atriz, cantora, bailarina, diretora, produtora e coreógrafa. Não é pouco.
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/12/morre-no-rio-atriz-marilia-pera.html
Trabalhou em mais de 50 peças, cerca de 30 filmes e 40 novelas, minisséries e programas de televisão. Um dos últimos trabalhos foi a participação na série "Pé na Cova', da TV Globo, onde fazia a personagem Darlene.
  
Ruas de Parnamirim
Tenho visto muita matéria mostrando aspectos positivos da administração de Parnamirim. Na sequência vou mostrar o estado de algumas ruas. É de dar medo.

Stones vão rolar no Brasil 

AP Foto/Rankin
Olhaí: os Rolling Stones estão de volta. Os velhos e bons guys ingleses continuam na estrada fazendo música e consolidando a lenda. É a geração dos anos 1960 pautando ainda a garotada de hoje.  Os preços dos ingressos dos shows: no Rio e em São Paulo as entradas vão de R$ 130 a R$ 900; em Porto Alegre de R$ 175 a R$ 900. Os Stones retornam ao Brasil dez anos depois do show no réveillon da praia de Copacabana.

Os shows serão no Rio (Estádio do Maracanã, 20 de fevereiro de 2016); São Paulo (Estádio do Morumbi, 24 e 27 de fevereiro) e em Porto Alegre (Estádio Beira-Rio, 02 de março).



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