Vencer a Colômbia é a coisa mais importante
do mundo
A Copa, mesmo ante a
possibilidade de derrocada do Brasil, é sempre momento de comemoração vivida em
meio à expectativa do resultado. Temos um misto de temor, pontinha de aflição, aperto na garganta como
se fosse a coisa mais importante do mundo, quando na verdade tudo é algo que se
inscreve na efemeridade da vida, no tempo passageiro e cotidiano.
Daqui a dez anos – só para citar um tempo qualquer – o jogo de amanhã será lembrança aleatória a nos acudir à memória como algo que veio e passou.
A importância da Copa é fato construído,
elaborado pelo marketing da Fifa a partir do imaginário coletivo que cerca o
futebol: jogo multisígnico, combinação de luta e arte, desespero e glória,
compensação e frustração, Eros e Tânatos, espiral sem fim, perdas e ganhos.
Mas, para o momento, o
enfrentamento entre Brasil e Colômbia é coisa seríssima a nos esganar o desejo
de vitória, espécie de indenização tardia pela perda do título em 1950 quando o
Uruguai apoderou-se da nossa conquista em pleno Maracanã.
Para o momento o jogo de amanhã é questão
nacional, mais relevante que qualquer conjuntura, problema, reivindicação econômica
ou social. Pelo menos é nisso que o senso comum acredita.
Mas, o jogo virá e passará. E nos
seus noventa minutos, nos seus acréscimos, quem sabe na prorrogação ou nos pênaltis,
vai ser coisa de suma relevância, inescusável relevo. Mesmo assim o jogo virá e
passará. No fundo é isso mesmo e sabemos: é só um jogo, somente um jogo.
Apesar disso, talvez por isso mesmo, pelo fato de ser ao mesmo tempo pueril mas tornado essencial, todos queremos gritar gol. Todos nos transformaremos naquele senso comum que garante, torce e acredita: vencer a Colômbia é a coisa mais importante do mundo. Depois a gente paga a conta da Copa, não é mesmo?
...............
Foto: http://gq.globo.com/Essa-e-nossa/noticia/2013/07/derrota-do-brasil-para-o-uruguai-na-copa-de-1950-completa-63-anos.html
Apesar disso, talvez por isso mesmo, pelo fato de ser ao mesmo tempo pueril mas tornado essencial, todos queremos gritar gol. Todos nos transformaremos naquele senso comum que garante, torce e acredita: vencer a Colômbia é a coisa mais importante do mundo. Depois a gente paga a conta da Copa, não é mesmo?
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Foto: http://gq.globo.com/Essa-e-nossa/noticia/2013/07/derrota-do-brasil-para-o-uruguai-na-copa-de-1950-completa-63-anos.html
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