Ele diz : “O
salário do pecado é a morte”; e pune os pecadores com
hóstias envenenadas
“Os crimes do Padre Heusz” é o título do
romance que o jornalista Emanoel Barreto publicou junto à Editora
Sebo Vermelho, lançado em Natal/RN em 24/07/2013. “Os crimes...”
conta a história do Padre Heusz que toma ao pé da letra a assertiva bíblica “o
salário do pecado é a morte” e pune os pecadores com hóstias envenenadas.
As hóstias, no entanto, não recebem poção
bruta ou grosseira; ao contrário, a fórmula do veneno leva o pecador,
pouco antes de morrer, a estado de beatificação, sensação de estar em paz, gozo
místico. Padre Heusz não quer que os pecadores sofram fisicamente,
sintam angústia ou sequer percebam que estão morrendo, mas partam em
completa sensação de paz. Isso porque não se sente um assassino; acredita-se
em missão, pois em sonho que um anjo lhe aparecera convocando-o a punir os
pecadores. Então, pede a um químico que produza o delicado veneno.
O prefácio é do escritor François
Silvestre. O livro é dedicado aos repórteres policiais Pepe dos Santos, Genésio
Pitanga e Ubiratan Camilo (in memoriam).
O relato da história é feito por meio de
cartas que o Padre Heusz envia ao editor de um jornal que aos poucos vai se
envolvendo na trama até o confronto final, quando o sacerdote tenta matá-lo em
uma caverna profunda que havia sido transformada em catedral.
A obra trata, em meio ao suspense em que
foi construída, da questão da condição humana, da queda, das incertezas e
questionamentos entre os conceitos do Bem e do Mal. Como exemplo pode-se citar
o personagem que é sósia do Padre Heusz e vai à sua procura.
É um homem rico, cruel, invejoso e sem
limites morais. É essa inveja que o leva a capturar e martirizar Padre Heusz, a
quem acredita um santo. E como entende que todo santo deve ser martirizado,
confia estar dando a Padre Heusz aquilo que todo santo deseja. E o prende a uma
roda medieval de tortura, usada pela Santa Inquisição. O sequestrador
considerando-se um “piedoso inquisidor”.
Supõe que, morto o padre, poderia assumir
sua personalidade e assim tornar-se um digno sacerdote. Padre Heusz escapa no
último instante.
Há situações que foram tiradas da vida
profissional do autor no exercício do jornalismo. Foram usadas para dar maior
verossimilhança à narrativa. Como exemplo, a invasão da redação onde trabalha o
personagem que é editor do jornal. De repente chega ao local um homem
perseguido por multidão que queria o seu linchamento.
O fato foi transposto ao livro. Barreto
realmente enfrentou tal situação na Tribuna do Norte, quando um homem que havia
surrado o pai foi perseguido e refugiou-se na redação.
Quando a turba foi expulsa o arruaceiro
explicou o motivo de haver corrido até o jornal: como a Tribuna pertencia a
Aluizio Alves e este era tido como o protetor do povo, o fugitivo fora ao
jornal para ser “protegido por Aluizio”.
O romance é uma sucessão de
acontecimentos bizarros e terríveis situações, com os personagens levados ao
limite da condição humana. Tudo se passando em meio a momentos de terror e um
final absolutamente inesperado.
Sobre o autor
BARRETO é jornalista há 38 anos. Doutor
em Ciências Sociais. Começou no Diário de Natal como repórter de polícia
recebendo as primeiras letras de Alexis Fernandes Gurgel, louco sublime.
Ingressou no jornalismo após ser
submetido a teste de datilografia e conhecimentos gerais por Luis Maria Alves,
O Coroa, lendário superintendente dos Associados no RN. Depois trabalhou na
Tribuna do Norte, A República, semanário Dois Pontos, TV Ponta Negra. Foi
correspondente da revista Visão. Atualmente é professor do curso de Jornalismo
da UFRN onde ministra Jornalismo Impresso, Oficina de Texto III e Reportagem,
Pesquisa e Entrevista. Apresenta e dirige o programa de entrevistas Grandes
Temas, na TV Universitária. Na mesma TV criou e apresentou por dois anos o
programa Xeque-Mate, de entrevistas. Publicou Crônicas para Natal e Memória do
Comércio do Rio Grande Norte, livro-reportagem. Mantém o blog Coisas de Jornal.
Tem artigos sobre jornalismo e comunicação publicados em revistas acadêmicas
nacionais e internacionais. Faria tudo outra vez.
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