sexta-feira, 15 de março de 2013



Graças às gráficas
Os jornais brasileiros têm produzido magníficas capas tendo como motivo a figura do papa Francisco. O grande poder significante desse discurso gráfico sequer pode ser comparado ao que se produz para o jornalismo online. A produção de sentido via impresso supera em muito aquilo que se envia pela net.

O belo exemplo do Correrio Braziliense: criativo e eficaz na mensagem
Aparentemente o que digo é um paradoxo, uma inconsistência, vez que me utilizo da internet. Mas é somente em aparência, ou seja: estou utilizando de estratégia metadiscursiva, o pronunciamento questionando o próprio pronunciamento. Não nego a força da net, apenas digo que a plataforma computador não se presta a ser utilizada com todas as nuanças que caracterizam o impresso. 

O tamanho do jornal em papel permite a ampliação da imagem e o detalhamento do texto. Há a sensação de obra de arte. Por mais longo que seja, há recursos de planejamento gráfico que facilitam a sua leitura. E isso não se dá aqui, onde os textos devem ter média de sete parágrafos, cada um com igual ou menor número de linhas.

É cansativo ler todo um jornal, mesmo usando um tablet. É prazeroso ler um jornal na forma impressa. O enunciado ganha força, permite uma enunciação eficaz, aumenta a sintonia com o leitor, reverbera em sua eficácia editorial. Aqui, a argumentação deve ser concisa, firme, sem a possibilidade de maiores digressões.

Por isso as capas têm sido tão criativas, a arte aplicada a um dizer de informação. A presença da poética no noticiário facilita o enlace, o enclave entre o jornal e seu leitor. 

As capas têm permitido acrescentar às informações sobre o papa, via impressionismo, todo o poder do impresso. Claro, este terá que se reinventar, tomando o caminho da análise e da interpretação, da opinião e de um certo didatismo opinativo. O jornal como praça social. Acho que é isso, ou pelo menos penso que seja isso.

Um comentário:

José Valdir Julião disse...

Perfeito professor, já há algum tempo que venho batendo nessa tecla, o impresso tem de abraçar a vertente opinativa, interpretativa e de articulismo, analítico e aprofundado...