quarta-feira, 13 de março de 2013



Irmão sol, irmã lua
O papa Francisco parece ter lavado a alma dos fiéis. Em sua primeira aparição pública após ser escolhido para o cargo deu demonstrações de ser bem mais comunicativo que aquele a quem sucedeu. No campo midiático isso é essencial, especialmente agora quando a Igreja está às voltas com perda de seguidores e escândalos de pedofilia. 

Folha de S. Paulo
A adoção do nome Francisco é alusão clara ao frade amigo dos pobres e dos animais. O notável simbolismo sugere a ligação do então cardeal aos descamisados, podendo tornar-se marca registrada do papado que ora começa.  

Isso implica, enquanto prática, num discurso que bem pode encaminhar a Igreja no rumo de aproximação daqueles que mais sofrem com as consequências históricas de um mundo marcado pela crescente exclusão e injustiças sociais.

Nada, porém, que o ligue a correntes como a Teologia da Libertação. Longe disso, estaria mais próximo da caridade, que tanto marcava Francisco, o frade, que da reação política a problemas sociais. Mais claramente: Francisco, o papa, dá indícios de amparo em vez de mobilização; conforto pela palavra ao invés de indignação. 

Pode ser, suponho, o surgimento de um novo líder com carisma e força para buscar o restabelecimento da força da Igreja; reorganizando e  chamando a seu aprisco os cristãos que confiam num discurso de concórdia e sentido de comunidade. Ou seja: o estabelecimento de um sistema de crença centrado na irmanação, bastante caro aos franciscanos.

Ao que parece, Papa Francisco teria condições de reacender aquele sentimento de fé, em seu sentido epifânico-mariano. Em meio à crise da Igreja esse caminho pode sim ser a senda midiaticamente, tecnicamente mais acertada no enfrentamento da perda de fiéis, na busca pela certeza que sempre foi o alicerce da Igreja.

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