Irmão sol, irmã lua
O papa Francisco parece ter
lavado a alma dos fiéis. Em sua primeira aparição pública após ser escolhido
para o cargo deu demonstrações de ser bem mais comunicativo que aquele a quem
sucedeu. No campo midiático isso é essencial, especialmente agora quando a
Igreja está às voltas com perda de seguidores e escândalos de pedofilia.
![]() |
Folha de S. Paulo |
A adoção do nome Francisco é alusão
clara ao frade amigo dos pobres e dos animais. O notável simbolismo sugere a
ligação do então cardeal aos descamisados, podendo tornar-se marca registrada
do papado que ora começa.
Isso implica, enquanto prática,
num discurso que bem pode encaminhar a Igreja no rumo de aproximação daqueles
que mais sofrem com as consequências históricas de um mundo marcado pela crescente
exclusão e injustiças sociais.
Nada, porém, que o ligue a
correntes como a Teologia da Libertação. Longe disso, estaria mais próximo da
caridade, que tanto marcava Francisco, o frade, que da reação política a
problemas sociais. Mais claramente: Francisco, o papa, dá indícios de amparo em
vez de mobilização; conforto pela palavra ao invés de indignação.
Pode ser, suponho, o surgimento
de um novo líder com carisma e força para buscar o restabelecimento da força da
Igreja; reorganizando e chamando a seu
aprisco os cristãos que confiam num discurso de concórdia e sentido de
comunidade. Ou seja: o estabelecimento de um sistema de crença centrado na
irmanação, bastante caro aos franciscanos.
Ao que parece, Papa Francisco
teria condições de reacender aquele sentimento de fé, em seu sentido
epifânico-mariano. Em meio à crise da Igreja esse caminho pode sim ser a senda
midiaticamente, tecnicamente mais acertada no enfrentamento da perda de fiéis,
na busca pela certeza que sempre foi o alicerce da Igreja.
Nenhum comentário:
Postar um comentário