terça-feira, 19 de junho de 2012

A pequena política, aquela mesquinhazinha, sorrateirazinha, bem estampada na foto de Moacir Lopes Jr. para a Folha. Lula e Maluf, lamentável forma de fazer a vida pública deste país.

Abaixo, a matéria da Folha:

Haddad sela apoio de Maluf e promete cargos na prefeitura

Para anunciar adesão à chapa petista, ex-prefeito exigiu foto ao lado de Lula
Erundina ataca aliança e diz que passado de Maluf é 'abominável'; Haddad chama pepista de 'nosso ilustre Maluf'

Moacyr Lopes Júnior/Folhapress
Lula observa cumprimento entre Haddad e Maluf; ao lado, o vereador Wadih Mutran (PP), vice-líder da gestão Celso Pitta (97-2000)
Lula observa cumprimento entre Haddad e Maluf; ao lado, o vereador Wadih Mutran (PP), vice-líder da gestão Celso Pitta (97-2000) 
 
BERNARDO MELLO FRANCO
DIÓGENES CAMPANHA
DE SÃO PAULO


Com foto conjunta, promessa de cargos e feijoada, o PT e o deputado Paulo Maluf (PP-SP) selaram ontem uma aliança inédita em apoio a Fernando Haddad na corrida à Prefeitura de São Paulo. 

O anúncio teve direito a pose do ex-prefeito com o ex-presidente Lula e terminou com o pré-candidato chamando malufistas históricos de "companheiros", em discurso na sede estadual do PP.
A vice de Haddad, deputada Luiza Erundina (PSB-SP), ameaçou abandonar a chapa em protesto. Ela afirmou que o passado de Maluf é "abominável" e disse que o petista vai perder votos por se aliar a ele. 

A aliança entre Maluf e PT já no primeiro turno (em 2002 e 2004 ele declarou apoio a petistas no segundo turno) foi formalizada três dias após o Ministério das Cidades nomear Osvaldo Garcia (apontado por pepistas como afilhado de Maluf) para a Secretaria de Saneamento Ambiental.
O ex-prefeito negou a troca do cargo por apoio. "Não conheço ele. Parece que é do Paraná. É do PP do Paraná." 

Maluf, que ensaiava apoiar José Serra (PSDB) e tem cargos no governo Alckmin, disse ter mudado de ideia pela ligação do petista com o governo Dilma: "É o nosso candidato porque eu amo São Paulo. E por amor a São Paulo eu tenho plena convicção de que São Paulo vai precisar do governo federal para resolver seus problemas".
"Não tem mais no mundo esquerda e direita", acrescentou Maluf. "O que tem hoje é "efficacité" [eficiência em francês]. Eu fiz a minha opção por uma parceria estratégica com o governo federal." 

O deputado disputou cinco das seis últimas eleições municipais. A exceção foi em 1996, quando apoiou Celso Pitta [1946-2009] pedindo a seu eleitor que não votasse mais nele caso o afilhado não fosse um bom prefeito. 

Ao ser lembrado da frase, ele deu risada e afirmou: "Este rapaz tem boa memória". Em seguida, foi questionado se Haddad seria melhor do que Pitta. Não respondeu.
Haddad justificou a aliança como "um pacto pela cidade". "Divergência é natural na política, mas também é natural buscar convergência." 

FEIJOADA
De última hora, Maluf exigiu a presença de Lula em sua casa, no Jardim América, para selar o acordo. "Ele disse que a foto fazia parte do pacote", relatou um petista. O ex-presidente ficou contrariado, mas foi. Posou para fotos e saiu sem dar entrevista. 

Haddad e Rui Falcão ficaram para o almoço. O ex-prefeito serviu feijoada ("prato internacional do Brasil", segundo ele), refrigerantes e pudim como sobremesa.
À mesa, malufistas históricos como o vereador Wadih Mutran (PP), vice-líder de Pitta na Câmara, e o deputado estadual Antonio Salim Curiati (PP), que foi prefeito nomeado na ditadura militar. 

Mais tarde, Haddad foi à sede do PP, onde chamou o ex-prefeito de "nosso ilustre Maluf" e seus aliados de "companheiros do PP".
O presidente do PT, Rui Falcão, disse aos malufistas que eles terão cargos na prefeitura em caso de vitória: "Vamos fazer campanha juntos, e como já me disse o Haddad, vamos fazer um governo juntos. Ele já me disse que quer fazer um governo de coalizão". 

Mutran saiu em defesa de Maluf e ironizou as críticas da imprensa à negociação de cargos: "Tenho certeza que o senhor acertou com quem dá mais... para São Paulo!"

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