sábado, 15 de dezembro de 2012



Chegue logo,
bem depressa,
mais ligeiro, tenha dó

A manhã começou com jeito de chuva. Chuva criadeira, chuva sertaneja, daquelas que chegam e dizem que agora acabou-se a seca. Chuva que tange o calorão para longe e dá de presente ao açude água muita, mato verde nascendo nos aceiros, plantas sorrindo nos olhos do vaqueiro, gado pastando solto, menino esquipando em lombo de burro.
http://www.portalsplishsplash.com/2009/05/falta-de-chuva-e-o-inverno-no-sertao.html

Até disse à chuva que era ela bem-vinda e que visse para ficar. Mas ela não era chuva sertaneja. Era uma chuva viajante. Chegou aqui e foi não sei para onde, molhar que tipo de terra, fazer não sei o que lá. Só não fez foi chover: essa não era uma chuva chovedeira: era mesmo chuva viajeira.

Na televisão tem dado que os profetas do inverno, homens velhos do sertão de antigamente, dizem que teremos tempo bom no dia certo: que virão chuvas boas, amigas, dessas de correr água, cachos de água na biqueira das casas, os bezerros correndo no pátio.

Vamos lá, chuva; venha que o sertanejo já não aguenta mais. O gado está morrendo, o olhar ficando triste, a terra rachando. Venha chuva, e traga água e pinte o sertão todo de verde. Chegue logo, bem depressa, mais ligeiro, tenha dó.

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