Jamais irei a Tóquio
Amigo meu, de cuja sanidade mental já vinha duvidando há muito
tempo, procurou-me em minha casa dizendo ter para mim “importantes informações”.
Trouxe-o até o meu escritório e coloquei-me à disposição. Imediatamente
afirmou: “Jamais vá a Tóquio. Indo a Tóquio poderá ser morto a qualquer
momento.
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Respondi que, pelo menos não nesta vida, pretendo ir a tão
distante paragem. Ele fez de conta que não ouvira minhas palavras e continuou
com suas advertências: disse que soubera que um jovem fora a Tóquio e lá fora
dominado, preso e seu corpo vendido em retalhos no mercado de carne; uma pobre
freira, missionária, tentara inutilmente converter aqueles incréus e fora
vendida a piratas da Índia; um comerciante tentara de lá escapar, mas fora
imediatamente preso e hoje encontra-se atirado a um manicômio. Só para citar
alguns casos, detalhou.
Retomando a palavra disse-lhe que ficasse calmo, eu era
grato pelas importantes informações, mas jamais iria a Tóquio. Então ele disse
o seguinte: “De nada adianta isso que você me diz. Se não for a Tóquio, Tóquio virá
a você. Depois de estar ligado a Tóquio, meu pobre amigo, criou-se situação
decisiva. Assim, prepare-se, Tóquio virá a você. Você está ligado a Tóquio.
Compreendi seu total estado de loucura, admiti que estava
ligado àquela linda cidade e insinuei que ele agora deveria ir embora. Já
estava tarde e eu precisava dormir.
Ele se foi, eu vim ao computador, e após começar a redigir
este texto senti sono e fui me deitar. Horas depois, altas horas, ouvi barulho.
Parecia alguém pulando o muro da minha casa. Olhei pela janela e vejo dois indivíduos
sorrateiros se encaminhando para a porta.
Corri para a sala, encostei o ouvido
à porta, espreitei pelo olho-mágico e então percebi a gravidade da situação. Era
ele, o meu amigo, na companhia de um japonês a quem dizia:
– Pronto, é essa a casa. Ele mora aqui...
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