quarta-feira, 3 de outubro de 2012



Jamais irei a Tóquio 

Amigo meu, de cuja sanidade mental já vinha duvidando há muito tempo, procurou-me em minha casa dizendo ter para mim “importantes informações”. Trouxe-o até o meu escritório e coloquei-me à disposição. Imediatamente afirmou: “Jamais vá a Tóquio. Indo a Tóquio poderá ser morto a qualquer momento. 
http://seul-le-cinema.blogspot.com.br/2009/11/mask-of-fu-manchu.html

Respondi que, pelo menos não nesta vida, pretendo ir a tão distante paragem. Ele fez de conta que não ouvira minhas palavras e continuou com suas advertências: disse que soubera que um jovem fora a Tóquio e lá fora dominado, preso e seu corpo vendido em retalhos no mercado de carne; uma pobre freira, missionária, tentara inutilmente converter aqueles incréus e fora vendida a piratas da Índia; um comerciante tentara de lá escapar, mas fora imediatamente preso e hoje encontra-se atirado a um manicômio. Só para citar alguns casos, detalhou.

Retomando a palavra disse-lhe que ficasse calmo, eu era grato pelas importantes informações, mas jamais iria a Tóquio. Então ele disse o seguinte: “De nada adianta isso que você me diz. Se não for a Tóquio, Tóquio virá a você. Depois de estar ligado a Tóquio, meu pobre amigo, criou-se situação decisiva. Assim, prepare-se, Tóquio virá a você. Você está ligado a Tóquio.

Compreendi seu total estado de loucura, admiti que estava ligado àquela linda cidade e insinuei que ele agora deveria ir embora. Já estava tarde e eu precisava dormir.

Ele se foi, eu vim ao computador, e após começar a redigir este texto senti sono e fui me deitar. Horas depois, altas horas, ouvi barulho. Parecia alguém pulando o muro da minha casa. Olhei pela janela e vejo dois indivíduos sorrateiros se encaminhando para a porta. 

Corri para a sala, encostei o ouvido à porta, espreitei pelo olho-mágico e então percebi a gravidade da situação. Era ele, o meu amigo, na companhia de um japonês a quem dizia:
– Pronto, é essa a casa. Ele mora aqui...

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