segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Minha volta a Pipa

Estive em Pipa para o Flipipa, mais precisamente para a entrevista de Fernando Morais falando de sua obra a Cassiano Arruda. Excelente. 

Foi também oportunidade para outra coisa: mesmo já tendo estado lá muitas vezes, até hoje não tinha vivido Pipa. Sempre que por lá aparecia pegava uma pousada retraída, sossegada, um desses lugares tímidos, lá para os lados mais altos. E de lá ficava observando aquela pequena babel como quem se extasia ante uma pintura ingênua, de casario.

Mas, dessa vez, mudei o roteiro e imergi nas ruas e restaurantes, revi amigos e caminhei. Descobri a Rua do Céu, com as suas pedras lisas. Pintadinhas, cada uma de uma cor. Belo. Andei por outras ruas. Estreitas, magrinhas como espinha de peixe. 

Ao fundo o mar, barcos balouçando na preguiça de ondas calmas. E, diante disso, já de volta a Natal e diante da tela do computador, vi como foi rápido e como foi bom. A intensidade do momento, sua mínima condição de tempo vivido, se percebida pelo olhar atento nos dá a sensação de que habitamos a cada instante a pequena eternidade que cada momento é. 


Lá fora, ausente do momento intenso, o tempo grande do mundo pode estar rugindo. E como é ameaçador.
Então, sempre que puder viva Pipa, ou volte a Pipa... Ou a Ítaca...




Em Barra de Cunhaú essa cadeira espera alguém que não quer olhar o mar. Uma cadeira que aguarda, em sua petulante solidão de plástico, uma pessoa que queira olhar não se sabe bem para onde, nem se sabe bem o quê.

Um comentário:

Anônimo disse...

"A intensidade do momento, sua mínima condição de tempo vivido, se percebida pelo olhar atento nos dá a sensação de que habitamos a cada instante a pequena eternidade que cada momento é". Genial.
Fagner.