sexta-feira, 1 de julho de 2011

A doce vida dos corruptos

Acompanho a olhar tardo o noticiário salpicado, difuso, relatando as coisas dos corruptos. Nas coisas de jornal é assim: no início há cobertura intensa mas os corruptos, esse seres dotados de alma encharcada, conseguem receber - e aparar - todos os golpes. Os amortecedores morais de seus corpos civis suportam a carga da artilharia da imprensa e meses depois já quase ninguém deles se lembra. O corrupto é um imoral bem assessorado.
Pois bem: passada a fase dura do noticiário,  o processo se amorna, acomoda-se entre os papéis de outros processos e todos dormitam entre o mofo e as traças. E assim o corrupto, protegido pelo silêncio caduco da lei processual, cobra forças para novas investidas, assume outros cargos, torna-se autoridade novamente. E vai, vai e vai; até que surge nova denúncia, mas ele nega até o fim. Sabe que nada lhe aconteceu e, sob a proteção pesada da cortina do seu próprio poder, bebe seu uísque e estira a mão para a fortuna, a deusa da sorte que há tanto o acompanha.



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