A graça de mil deuses
Emanoel Barreto
A proximidade, quase iminência da eleição presidencial, intensificará o processo de espetacularização da política - atividade que sempre teve seu dado espetacular desde a ágora grega. Candidatos se apresentarão como a imagem viva da salvação, expressas suas mensagens em fragmentos televisivos cujos apelos ao emocional suplantarão em muito o racional e o político propriamente dito.
A campanha política, paradoxalmente, despolitiza a política, fulaniza a campanha: é Dilma ou não é? É Serra ou não é? - Marina, ao que se supõe, é que não é. Ciro, também.
Correligionários e simpatizantes ficarão com os ânimos exaltados e, de um lado e de outro, encontrarão mil motivos para encontrar na petista e no tucano as melhores e as piores qualidades do mundo, depende do olhar.
É claro que nenhum dos dois é o salvador; é óbvio que integram entidades partidárias onde militantes, detentores de mandados e outros quejandos são criminosos (corruptos, espertalhões, sabidinhos, etc...); é inegável que, eleito, um outro não conseguirá "salvar" o país. Nenhuma simples presença humana jamais o fará. Vide Obama e seu "yes, we can".
Mesmo assim o marketing de cada um o apresentará como a personificação da graça de mil deuses, devendo o eleitorado estar grato a cada um desses deuses por existirem Dilma e Serra.
Não voto nele por desconfiar de seus propósitos neoloberais, lesivos aos trabalhadores; tampouco acredito nela como se fora sacerdotisa. Voto, mas sem fé. Em matéria de fé política sou agnóstico.
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