segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

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É preciso controlar Tio Patinhas
Emanoel Barreto

O editorial a seguir é da Folha: O SISTEMA financeiro do Brasil sairá reforçado com a normatização dos rendimentos dos altos executivos de bancos proposta pelo governo na semana passada.



Seguindo compromisso firmado pelos países do G20 (grupo dos principais países ricos e emergentes), o Banco Central brasileiro colocou em audiência pública uma sugestão de regulamentação do ganho variável dos administradores de instituições -os bônus dos executivos- com o objetivo de desestimular a assunção de riscos excessivos.


O sentido básico da proposta é vincular os rendimentos dos gestores ao desempenho das instituições a médio e longo prazos.


É verdade que a medida responde mais a situações verificadas em bancos europeus e americanos do que em brasileiros. Como se sabe, apostas em práticas altamente arriscadas na busca de lucros estiveram na raiz da crise financeira que culminou com a falência do banco de investimentos americano Lehman Brothers, em 2008. Trata-se, entretanto, de mudança bem-vinda pelo seu caráter preventivo.


O aspecto positivo da proposta não deve obscurecer o fato de que o principal problema a ser enfrentado pela regulação bancária são os custos que o funcionamento do sistema financeiro impõe ao país. No Brasil, os níveis de spread -diferença entre o custo pago na captação de recursos e os juros cobrados nas operações de empréstimos- ainda estão entre os mais elevados do mundo, o que representa uma desvantagem competitiva para as empresas nacionais.


As autoridades encarregadas de supervisionar os bancos ainda estão devendo medidas mais decisivas de intensificação da concorrência, que possam contribuir para que o custo financeiro do investimento se aproxime dos padrões internacionais.
...
A necessária regulamentação dos bancos é medida urgente, a fim de por cobro à ação notoriamente maligna que essas instituições têm sobre o social. Exemplo recente e gritante foram ministrados pelos bancos americanos, cujos executivos, movidos pelo mais puro e louco desejo de lucrar a qualquer preço, resultou no terror financeiro que afinal atingiu a economia real e trouxe ao mundo momentos de incerteza - para colocar, digamos assim, a coisa, sem que eu recorra a palavras mais fortes.

Os banqueiros precisam ter sobre si a mão pesada do Estado, rastreando suas operações, detectanto seus intentos e suas tenebrosas transações. As consequências são a quebradeira dos setores produtivos, safando-se os banqueiros de pagar o preço por tudo o que fizeram.

Em suma, o que o Estado deseja é impedir a concupiscência financeira que habita a alma usurária dos banqueiros e os leva sempre a buscar nos trinta dinheiros do mercado mais e mais lucros, impondo à sociedade seu padrão negocial antiético e antissocial.

É que, no fundo, Tio Patinhas é, amigo, muito amigo dos Irmãos Metralha.


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