quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

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Como se (des)equilibra o jornalismo
Emanoel Barreto

Informação que me chega tendo como fonte a publicação Meio&Mensagem indica que a circulação dos maiores jornais brasileiros caiu 6,9% em 2009. Abaixo:


1. Caiu 6,9% a circulação somada dos 20 maiores jornais diários brasileiros em 2009. Onze títulos viram seus números encolherem durante 2009. Os dois que mais caíram foram os do Grupo O Dia, do Rio de Janeiro: O Dia (-31,7%) e Meia Hora (-19,8%). Também tiveram quedas Diário de S. Paulo (-18,6%), Jornal da Tarde (-17,6%), Extra (-13,7%), O Estado de S. Paulo (-13,5%), Diário Gaúcho (-12%), O Globo (-8,6%), Folha de S. Paulo (-5%), Super Notícia (-4,5) e Estado de Minas (-2%).

2. A liderança continua com a Folha de S. Paulo (média diária incluindo domingo, de 295 mil exemplares), seguida por Super Notícia (289 mil), O Globo (257 mil) e Extra (248 mil). Em quinto lugar está O Estado de S. Paulo (213 mil), à frente do Meia Hora (186 mil) e dos gaúchos Zero Hora (183 mil), Correio do Povo (155 mil) e Diário Gaúcho (147 mil). O top 10 se completa com o Lance (125 mil).

3. Apenas seis conseguiram melhorar seus desempenhos de acordo com dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC). São eles: Daqui (31%), Expresso da Informação (15,7%), Lance (10%), Correio Braziliense (6,7%), Agora São Paulo (4,8%) e Zero Hora (2%). Mantiveram-se estáveis: Correio do Povo, A Tribuna e Valor Econômico, que encerraram o ano passado com circulações bem próximas às do fechamento de 2008.
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A crise que afeta o jornalismo diário traz à tona problema antigo, agora salientado em função de que os números tornam-se alarmantes. Somando-se as tiragens de todos os jornais chega-se ao total de 2.098.000, para uma população 192.430.790, segundo dados que obtive junto ao IBGE.

Trata-se de circulação mínima, sem dúvida propiciadora de preocupação. Primeiro, pelo fato mesmo de a imprensa diária não ter a penetração que deveria; segundo, em decorrência da inexistência de público leitor fidelizado, o que significa gente desinformada. Não levo em conta aqui questões ideológicas apensas às informações e opiniões ou seja: questionamento a respeito da qualidade informativa e opinativa e sua credibilidade.

Sei, todavia, que a imprensa, mesmo com todos os seus erros, é um dos pilares de qualquer sistema social organizado e democrático, ao lado do Direito, Medicina e Pedagogia.

Mas, o que revela não apenas a queda das circulações e o históricamente baixo número de leitores? Implica que, para milhões de brasileiros, a imprensa diária virtualmente não existe ou pior: nunca existiu.

O jornalismo, aqui entendido com as empresas, precisa e deve mobilizar-se em estratégias de marketing, que vão desde questões de conteúdo e forma, até o estabelecimento de uma política de credibilidade - este, sem dúvida, importante fator para que um jornal fidelize leitores.

Vale lembrar que o leitor de jornal não é apenas consumidor, mas, antes de tudo, cidadão. E jornal, ao lidar com a mercadoria notícia, dá trânsito também  a conteúdo político-ideológico cujo tratamento ético deve ser o primeiro dentre os muitos que devem preocupar a uma boa imprensa.

Entendo que não estamos nos preâmbulos da morte do jornal impresso - como jornalista da área teria dificuldade em entender o mundo sem esse veículo ao qual dediquei toda a minha vida profissional -, mas temo que o mundo globalizado e os multimeios informativos, como esta internet da qual me valho, pode sim, em futuro distante, chegar a constituir-se em ameaça ao jornal impresso.

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