Discurso, discurso, discurso...
Emanoel Barreto
O discurso, a mensagem como expressão sincera - nem sempre -, do falante, é preocupação desde a ágora dos gregos. Essa elocução, para efeito de convencimento, manifesta-se na retórica, no entusiasmo vigoroso que dá às palavras, às orações, seu sentido social mais forte de cativar e convencer. Conquistar aliados e eleitores.
A charge de Angeli dá bem uma ideia disso. A busca do PSDB por um discurso que se contraponha à larga figura presidencial de Lula, cuja simples presença, em si, já é significante. É que o líder, o príncipe, traz agregada à sua figura uma espécie de fala presencial que alude a tudo o que já disse ou fez. Quem não atingiu esse ápice sabe bem o que é buscar um discurso.
Os tucanos têm em José Serra seu possível candidato. Mas a este falta o discurso histórico, a memória social quanto a seus feitos, a relevância do seu vulto nas paredes do grande museu vivo que é o tempo histórico.
Daqui a cem anos, só para citar um exemplo, quem será lembrado e estudado por historiadores, cientistas políticos e cientistas sociais: Serra ou Lula? Nem preciso responder. É esse o discurso que falta a Serra, a falta de vínculos públicos com todo um passado recente, quando o País ainda se revolve ante os resquícios de memória relativos à ditadura.
Tanto é verdade, que mesmo incensado pelos seus correligionários, o governador de São Paulo até hoje não se atreveu a dizer-se candidato, o campeão do tucanato. Espera, pacientemente, o desenrolar das pesquisas que agora sinalizam Dilma como aquela que poderá, pelos artifícios do marketing e pelas mãos do seu pai eleitoral, se apresentar como vacacionada a vencer.
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