O dia em que a Terra parou
Emanoel Barreto
Começou o jogo - A impressionante, grandiosa e fulgurante cerimônia de sagração de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos, serviu para demonstrar o poder de coesão que os momentos críticos da história podem provocar, quando um líder carismático sabe convenientemente utilizar tais momentos a seu favor e traz apegada à sua figura a aura de libertador, guia e timoneiro do seu tempo.
Resguardado por uma imagem pública de encarnação da própria ética, Obama foi aclamado como um césar. Um grande jornal estrangeiro chegou a compará-lo a "um feitiço", uma mágica que chegou na hora exata. Desceu à Terra em momento crítico e terá como incumbência o trabalho-de-hércules de salvar a economia americana, instaurar um processo de paz no Oriente Médio e, aos demais povos, estender uma mão amiga.
Em todo o mundo, Obama é um fenômeno de comunicação. Forma um belo casal com a mulher, Michelle, e suas filhas são uma gracinha. Não foi empossado, tornou-se alvo de glorificações. Não é visto exatamente como um presidente, mas como um salvador. Essa é a visão que o imaginário popular planetário projeta sobre o presidente americano. Sua posse foi um te-déum político.
Sua presença na cena política mundial é vista como a pedra que fecha a abóbada e forma o domo, a cúpula de uma construção magistral. Como resultado de tudo isso, tem a visibilidade de um ser eticamente inatacável . Mas, à sua sombra traz um peso: qualquer falha maior, arranhará o cristal dessa imagem.
Obama, a partir da colossal cerimônia de posse, já conseguiu um efeito de mídia favorável aos Estados Unidos: ficou patente perante o mundo qual o país mais importante, hegemônico e modelo para todo os demais. Temível e adorado. Como se isso não bastasse, sempre que ele se deslocar em viagem, um discreto assessor militar o acompanhará com uma mala: a partir dela, Obama pode explodir uma bomba atômica em qualquer país do mundo. Pense nisso.
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