Emanoel Barreto
A grande festa - A posse de Obama será uma espécie de sagração planetária àquele que é visto como a encarnação do bem, numa catarse coletiva surgida da mídia.
Além da festa em si, que demonstra como o público pode ser estimulado ao extremo em situações-comunicacionais-limite como esta, em que serão purgadas todas as decepções com a era Bush, a comemoração pela posse do 44º presidente dos Estados Unidos encerra outro sentido: há em todo o planeta a sensação de que a antieticidade de George W. Bush será substituída pela ética absoluta, pela honradez de propósitos, pelo trabalho, pelo compromisso com os mais pobres - dos Estados Unidos e do mundo.
Um presidente americano como Obama, carismático, negro e com grande capacidade comunicacional, pode produzir esse efeito em pessoas pobres de outrros países: negro, é facilmente identificado pelos mais pobres consigo mesmo; carismático, leva essa identificação, que é subjetiva, é uma expectativa, à condição virtual de promessa, que na realidade somente existe na mente de quem dele espera alguma coisa. A dor faz acreditar na cura.
De qualquer forma, já é uma mudança. E queiramos ou não, ele traz embutida à sua figura um corolário de promessas, até mesmo porque despertou em seu povo a expectativa histórica de um novo tempo, quase messiânico. Hábil comunicador, passou o dia de ontem, um feriado dedicado à memória de Martin Lutuher King, prestando serviços comunitários em uma entidade assistencial.
Isso adere à sua imagem, ainda mais, a promessa que que os Estados Unidos serão dirigidos por um ser humano sensível, não por alguém perverso, como proclama muito justamente a imagem pública de Bush.
Com relação ao Brasil, a identificação do nosso povo com Obama é clara. Ele tem o biotipo de brasileiro, encarna todas as promessas que o brasileiro gostaria de ouvir e, se brincar, sabe até jogar futebol. E eu não tenho dúvidas de que, se se fizesse algum tipo de pesquisa de opinião, Obama seria apontado como o presidente da República ideal para o nosso país.
Vamos ver na TV como foi a posse. Depois a gente se fala. Obama dá samba, gente...
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