quinta-feira, 24 de dezembro de 2009


Kim Kyung-Hoon/Reuters
O samurai desonrado e o bacante escrachado
Emanoel Barreto

O premiê do Japão, Yukio Hatoyama, chorou nesta quinta-feira em entrevista a jornalistas ao falar do escândalo de recebimento de doações ilícitas de sua família e afirmou que não pretende renunciar ao cargo, a menos que a maioria esmagadora dos japoneses assim exija.
"Se a maioria esmagadora vocês exigir "Hatoyama, renuncia", então sentirei que tenho que respeitar a voz do povo, mas farei o possível para que isto não aconteça", disse o premiê.

A Promotoria de Tóquio investiga informações que apontam a que a mãe e a irmã de Hatoyama realizaram durante vários anos doações irregulares a um fundo político vinculado ao líder. O fundo Yuai Seikei Konwa-kai (Associação Fraternal de Política e Economia), vinculado ao partido do governo, deixou de declarar 6 milhões de ienes procedentes das duas mulheres.

Os dois trechos transcritos são da France Presse, publicados pela Folha Online. Revela, de alguma forma, como agem os corruptos no país dos samurais: penitenciam-se e se humilham publicamente, uma vez que é da rigidez da cultura japonesa o culto à lealdade e à honradez. E até para quem decaiu, tornando-se um desclassificado moral, há o necessário purgatório público. Detalhe de qualidade: o corrupto estava recebendo dinheiro da própria família, não dinheiro público.

Nossa cultura liberal, informal, fagueira e dionisíaca, faz justamente o contrário: permite que o corrupto, sem qualquer pudor, apareça em público em plena efervescência de escândalo que envolva o seu nome, como o faz o tal Arruda brasiliense, defenda-se e ainda ache que os bobos vão acreditar no que diz.

É só um comentário. É só a minha desolação. Só para a gente pensar um pouco a respeito.



Um comentário:

aline disse...

Nem tinha notado, ou melhor, agora que me dei conta que já estamos a seis anos separados fisicamente de Ademaci. Estava aqui, na net, quando li o artigo que citava meu pai. Deu p´ra matar um pouco da saudade.
rever minha história e principalmente me encontrar no tempo ... AGORA. Nada melhor que olhar para trás e saber de onde viemos e para onde desejamos ir.
Aline Kérnia