
Aécio, Serra e o pó mágico da política
Emanoel Barreto
Com as repercussões na grande imprensa indicando que a suposta desistência de Aécio Neves à presidência é apenas manobra tática, para forçar Serra a se apresentar como candidato e ver-se atirado à erosão de seu nome em confronto com o teflon Lula, o governador paulista deve estar pensando: "Isso não me cheira bem. Essa jogada não me cheira bem...". Mas a Aécio cheira, e cheira muito bem.
Vejamos: a poeira levantada pelo mineiro, em tancredíssima jogada, poderá resultar, caso surta os supostamente pretendidos efeitos, numa carreira fácil para o ginete de BH. Tem jornalista até especulando que Serra seria prejudicado a tal ponto que o PSDB imploraria, a tempo futuro, pelo retorno de Aécio como candidato à presidência.
A jogada de Neves perante Serra tem o sabor de algo como "tu és pó e ao pó retornarás", numa alusão à derrota serrista em 2002, quando também candidato à presidência. E, em meio a esse pó de pirlimpimpim político, mágico, levíssimo, Aécio estaria se alevantando e dando a volta por cima, após o gesto de grandeza contido na renúncia teatral.
Todavia, num caso ou noutro, Aécio e Serra podem parodiar a composição de Erasmo Carlos, já que ambos querem mesmo é derrotar o PT: "Preciso acabar logo com Dilma/ Preciso lembrar que só eu existo...".
Mas isso é coisa rápida, é coisa de política, é coisa de jornal. Logo logo, tudo estará recoberto pelo pó implacável da história...
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