quarta-feira, 15 de julho de 2009

O castelão e seu castelo
Emanoel Barreto

Leio no Estadão: BRASÍLIA - O Conselho de Ética da Câmara arquivou nesta quarta-feira, 15, por 9 votos a 3, o processo contra o deputado Edmar Moreira (Sem partido-MG), que ficou conhecido por ser dono de um castelo. O arquivamento foi proposto pelo terceiro relator do caso, deputado Sérgio Brito (PDT-BA). As informações são da Agência Câmara. O arquivamento foi votado após duas tentativas infrutíferas de punição ao deputado do castelo.
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Há tempo, muito tempo, li o seguinte: "O lar de um homem é o seu castelo." Não sei a autoria da frase. Mas fica sugerido que ali o cidadão não poderá ser desrespeitado. E o peso da mão do Estado sobre ele não poderá se abater, desde que o senhor do castelo que se chama lar nada tenha feito de socialmente recriminável.

Agora a citação assume forma corpórea: trata-se mesmo de um castelo, e o castelão, em vez de respeitável senhor, trata-se de um arrivista, um aproveitador, protegido pelos seus iguais. É mais uma demonstração do tipo de gente que compõe o Congresso Nacional, cujas duas Casas notabilizam-se pela mais rasteira e solerte ação de rapina.

Aves de mau agouro cívico, muitos deputados e senadores dedicam seu tempo e energia a procurar formas e métodos para se locupletar, às custas de mais sofrimento ao povo a quem deveriam bem representar.

Mas a representação ali ocorre no sentido teatral do termo: eles encenam o espetáculo político em plenário. Baixado o pano, acorrem presurosos em busca das trinta moedas de Judas, que jorram de cofres apodrecidos.

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