segunda-feira, 1 de junho de 2009

Nossa ilusão entra em campo num estádio vazio
Emanoel Barreto

A começar do fato de que o Brasil não deveria sediar a Copa de 2014, pois temos problemas estruturais e conjunturais de monta, e nestes deveríamos aplicar os recursos
que serão desperdiçados com cimento na construção de estádios, há um aspecto também grave a salientar: a invasão do público pelo privado em benefício daquele.
Explico: a ação da Fifa, que deverá ganhar milhões com a realização do campeonato, significa um notório poder de interferência da iniciativa privada internacional sobre a administração brasileira.
A Fifa agiu como se estivesse "beneficiando" o povo brasileiro, quando, na realidade, estará explorando esse mesmo povo, após haver curvado o governo federal aos seus ditames, impondo condições e exigindo da massa populacional brasileira o pagamento de um tributo maligno, que somente atenderá aos interesses do grande capital que atua no futebol.
O processo de globalização, que tem na comunicação um dos seus pilares, verteu essa Copa numa espécie de miragem alegre, que transformará para sempre, e para melhor, a vida do brasileiro. Bobagem.
O estádio a ser construído em Natal é a prova disso. Espere para ver. Passada a Copa, temo que se transforme num elefante-branco, açoitado pelo tempo, de manutenção caríssima e, a rigor, uma inutilidade. Vale a norma romana: dai ao povo pão e circo.

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