quarta-feira, 3 de junho de 2009

Contando as histórias do mundo
Emanoel Barreto

Não são poucas as obras jornalísticas de cunho acadêmico que contêm a seguinte afirmativa: fazer jornal é contar histórias. Por muito tempo discordei de tal ponto de vista. Afinal, em nossos textos faltam a condição essencial a uma história, entendia eu. Ou seja: começo, meio e fim. No cotidiano, produzimos notícias que são fragmentos do real. Vivemos, no jornalismo, uma espécie de presente contínuo, uma realidade sempre em construção. E assim, quando a trazemos para a página impressa jamais colocamos "fim", ao término de um notícia, como o faríamos, por exemplo, à conclusão de um romance, conto ou novela.

Todavia, refletindo sobre a realidade sobre a qual o jornal se remete, especialmente sobre grandes tragédias como a do avião da Air France, o 11 de setembro, ataques terroristas outros e acontecimentos como o desabamento de parte das obras do Metrô em São Paulo e o acidente com o avião da TAM, ambos em 2007, comecei a achar que jornalismo é mesmo contar histórias. Pelo menos parcialmente.

Histórias que brotam desse presente contínuo e sinuoso; histórias que muitas vezes metem medo, pois são reais. E podem, de um momento para o outro, nos tornar, a mim e a você, personagens de dramas dos quais não gostaríamos de participar. Histórias terríveis e tristes. Histórias que estão prontas para nos abocanhar.

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