Emanoel Barreto
A Mulher traz nas mãos a luz para após o entardecer.Ela preparou o pão, olha o horizonte e sabe que dali brotará tempestade. Tudo está vermelho, aceso de perigo. E o perigo virá.
Mas A Mulher anteviu tudo, sabe dos ventos de tempestade e deixa a nossa tenda pronta. E então, quando nascem os dramas do mundo, estamos sós e plenos. E a tenda flutua acima de aquilo tudo.
Pela manhã, A Mulher reluz com o sol e diz que, sim, ela é um raio de estrela. E acende nos meus olhos a doce imagem de navegar nossos sonhos.
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Walter Medeiros manda sua homenagem à mulher.
Uma homenagem a Lois
--- Walter Medeiros* - walterm.nat@terra.com.br
--- Walter Medeiros* - walterm.nat@terra.com.br
O Dia Internacional da Mulher – 8 de Março - tem sido uma data marcante, pelas manifestações, pela luta, pelas homenagens, pelas reflexões e pelo registro que é feito nos mais diversos meios, pelo mundo inteiro. Além da lembrança da origem da data – o massacre das operárias em 1857 – sempre são referidas mulheres de todos os lugares e todos os tempos que fizeram ou fazem da sua vida um exemplo a ser seguido por toda a humanidade.
Nesse 8 de Março de 2009 quero trazer para os leitores alguns dados da vida de uma mulher que teve um papel importante e de alcance inestimável, cuja atuação mudou o rumo de muitas vidas, contribuindo para a harmonia de milhões de lares. Uma mulher cujo trabalho resultou da experiência adquirida com o seu próprio sofrimento e que apesar de todos os problemas que enfrentou nunca desistiu e conseguiu implantar uma instituição que certamente vem mudando o mundo.
Ela teve origem numa família estruturada, equilibrada, onde tinha um irmão, foi educada com amor, recebeu lições de união, perdão, paz; a mãe, do lar, o pai médico ginecologista e cirurgião. Mas seu casamento foi algo de convivência difícil, ao que somaram-se três gravidezes tubárias, insanidades, discussões, intolerâncias, resultado do alcoolismo do seu marido, a quem chegou até a dizer, certa vez: “Você não tem sequer a decência de morrer...”. Foram 17 anos de convivência e sofrimentos para ambos, pois no seu alcoolismo seu marido era um doente e a doença causou a destruição das carreiras de ambos.
Depois de todas as Turbulências do Alcoolismo, nasceu a sublime e abençoada associação de Alcoólicos Anônimos, em 1935, pelas mãos de Bill W. e Robert (Bob) Schmidt, com a colaboração, apoio e compreensão daquela mulher. Refiro-me a Lois Wilson, nascida em 04 de março de 1891 e falecida em 06 de outubro de 1988, que fundou, em 1951, os Grupos Familiares Al-Anon, cujo objetivo é ajudar aos familiares de alcoólatras a compreender a doença alcoolismo e conviver com os problemas que a doença acarreta para as famílias dos alcoólatras.
Em recente evento destinado a profissionais, uma representante daquela irmandade explicou que Al-Anon surgiu da mesma ‘necessidade’ de Alcoólicos Anônimos - a necessidade de ‘dialogar’, de uma pessoa entender a outra, delas falarem a mesma linguagem, trocarem as experiências vividas com seus entes queridos doentes, que tanto lutavam para largar a bebida e não conseguiam. As esposas dos alcoólatras descobriram que o estado em que se encontravam era resultado do convívio sob o domínio do álcool, quando familiares e amigos dos alcoólatras se tornavam pessoas também doentes, de uma doença emocional.
A troca de experiências mostrou o caminho a seguir, e dali surgiu o lema da entidade: “Evite o primeiro atrito”. Segundo Al-Anon, ao evitar o primeiro atrito os familiares fazem com que muitos problemas sejam evitados também, pois sempre que existe um confronto com um alcoólatra - embriagado ou não - as conseqüências podem ser drásticas.
Lois é considerada uma heroína, pelo trabalho realizado com a sua amiga Anne, mulher do Dr. Bob. Elas continuam servindo de exemplo para mulheres de mais de 130 países onde funcionam grupos daquela irmandade. O Estado de Nova Iorque e mais de dez organizações dos Estados Unidos saúdam Lois como uma das Mulheres mais importantes do Século XX. Ela foi homenageada com o Prêmio Humanitário do Conselho Nacional sobre Alcoolismo dos Estados Unidos.
Com este pequeno relato espero que as mulheres e os homens do mundo inteiro mantenham viva a lembrança daquela valente mulher, que conseguiu empreender uma luta pacificadora, não contra a bebida alcoólica, mas a favor das famílias de pessoas que não podem beber controladamente, por serem portadores da doença alcoolismo.
*Jornalista – Natal/RN
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