Emanoel Barreto
Deu na Folha: O Senado pagou pelo menos R$ 6,2 milhões em horas extras para 3.883 funcionários em janeiro, mês em que a Casa estava em recesso e quando não houve sessões, reuniões e nenhuma atividade parlamentar.
Trata-se, como se vê, de uma farra, uma festança com o dinheiro público. Em outras palavras, corrupção, desvio do que seria a atividade congressual, que passa a ser provedora de fundos para um magote de funcionários que, no período em questão, não estavam "funcionando".
Isso me lembra uma seita medieval, cujos pressupostos diziam que o ser humano nasce com uma determinada quantidade de pecados; para perder essa carga a solução era muito simples: pecar, pecar bastante, até que o último, o mais mínimo, o mais minúsculo e maneiro pecadilho tivesse sido, digamos assim, retirado do da alma, do corpo espiritual. Aí sim, o pecador estaria enxuto de culpas e poderia dedicar-se a uma vida beatífica e pia. Faz sentido...
Acho que é isso o que se passa na vida pública desse país: os pecadores estão expurgando os pecados pelo ato mesmo de pecar. Então, sem críticas a eles: são todos pessoas bem intencionadas. No fundo, tudo gente que quer, pelo pecado, chegar à condição de santo e fazer tudo pelo bem estar do próximo. Só que, antes, querem bater a carteira do próximo. E a santidade, bom, a santidade fica para a próxima vez.
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