Emanoel Barreto
O jornalista e apresentador do BBB, Pedro Bial, disse "sentir compaixão" pelos participantes do programa, que explora a necessidade humana de busca do sucesso e dinheiro fácil, expondo suas vítimas a situações vexatórias.
Bial fala com a autoridade de quem participa da trama e manipula os BBBs. Certamente ninguém melhor que ele para sentir "compaixão", uma vez que integra o núcleo dos que levam aquelas pessoas a se expor em toda a sua fragilidade, indignidade, cupidez e degradação de valores.
O BBB é uma produção de mídia que pode ser vista sob diversos enquadramentos: sociológico, psicanalítico, político, filosófico, moral, etc... etc...etc...
É uma espécie de supra-sumo, cúmulo do quanto o ser humano pode ter despertados seus instintos mais baixos a troco de alguma forma de poder, de alguma forma de escapar do sofrimento. Ter dinheiro é uma delas.
A partir disso o programa foi formulado e ganhou adesão de mídia mundial, sendo apresentado em vários países. Quem o criou está milionário. Trata-se de um espetáculo lamentável, que imbeciliza a audiência e transforma idiotices em assunto cotidiano.
É uma forma de estupidificar as pessoas, que por momentos esquecem os problemas do mundo real e se ligam a um mundo fictício, onde os seus dilemas, vividos nesse mundo real, encontram-se representados de forma reducionista na performance dos BBBs.
A brutalidade da exploração das pessoas por um sistema social e econômico cruel ganha contornos embaçados na luta dos BBBs para alcançar o milhão a ser entregue ao vencedor. Não é assim também na vida? Não é assim, mês a mês, que o trabalhador se esforça, para afinal receber o salário? Não é um truque baixo a má divisão de renda? Pois se assim é, o que acontece no maior repete-se no menor.
No mundo da vida há a exploração da mão-de-obra. No BBB, há a exploração da condição humana. No fim, é tudo a mesma coisa.
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