O Grande Irmão
Emanoel Barreto
A força do tirano - A foto da Reuters mostra o ditador da Coréia do Norte, Kim Jong-il em visita a uma central energética, sem que seja mencionada a data. O motivo são os rumores de que ele estaria com a saúde abalada. Em outras palavras, está doente com risco de morte.
O fato é emblemático. O poder absoluto, a ditadura sobre corpos e mentes, gera no poderoso a sensação de que é indestrutível, sensação que se transmite a seus súcubos. Essa indestrutibilidade seria tamanha, que nem mesmo a condição humana seria fator a ser levado em consideração.
O poderoso se apresenta e é visto como dotado de poderes supra-humanos. É ele que tem a clarividência política, sabe os rumos e toda a sociedade deve pensar como ele. Qualquer desvio é criminoso. Trata-se, claro, de uma farsa, que somente se sustém até o ponto em que nela se acredite. Desfazendo-se a crença e havendo condições de força - leia-se capacidade de enfrentamento armado - para encarar o tirano, ele cairá.
Mas, enquanto isso não acontece, continua a burla, cruel, grotesca, brutal. Mas o tirano é apenas um homem e um dia essa condição se apresenta. E quando chegam a doença, a velhice, o fraquejar do organismo, não há força político-policial que o garanta.
Entra então em jogo a falsificação da realidade via imprensa, imprensa controlada pelo sistema de poder do ditador, como se isso fosse garantir-lhe vida eterna. Mas, a vida do poderoso é como as demais vidas: é eterna enquanto dure. E parece que na Coréia do Norte as coisas não são diferentes.
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