quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A guerra do fogo

Cara Amiga,
Caro amigo,
O filme "A guerra do fogo", talvez você se lembre, é uma grande metáfora da condição humana, um magnífico trabalho poético. Em sua trama, a descoberta da solidariedade e a sobreposição do que hoje chamamos de amor, ao instinto básico de reprodução.
No final, uma cena belíssima, intrigante, instigante, desafiadora: ao fundo, bem distante, a noite que se derrama sobre o mundo é riscada por um pontinho de luz, na caverna onde o homem passou da hominização à humanização. Aquele pontinho de luz era o graphos, a escrita poética a nos mostrar o início da nossa aventura sobre a Terra: um ser frágil, dependente de um fogo tão imponderável e perigoso, quanto amigo e essencial.
Creio que você poderá encontrar essa produção numa videolocadora.
Da época tratada pelo filme até agora, passou-se um tempo incontável para os nossos pobres relógios. Relógios que só marcam horas, mas não registram os momentos humanos das horas, a ação trágica do homem; o tinir da espada, a explosão da bomba.
Talvez somente nos reste buscar uma caverna e sentirmo-nos como aquele pequeno grupo de homens e mulheres, perdidos naquele tempo: acender uma pequena chama e esperar.
Emanoel Barreto

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